Livro mostra mais que abrangência geográfica, revela a multiplicidade e o talento dos artistas 

 

A diversidade artística encontrada em São Paulo resulta na criação de uma cultura única, com um cenário artístico extremamente rico e variado. Há dois anos a produtora independente Sê-Lo teve a ideia de justamente explorar essas variedades de olhares e técnicas. Assim nasceu o projeto ENTRELINHAS URBANAS SP que mostra além da abrangência geográfica, a multiplicidade e talento dos artistas locais.

O projeto convidou um artista de cada um dos 96 distritos de São Paulo para, através do traço, sintetizar em uma imagem seu olhar sobre onde vive. O resultado de todo este apanhado é um livro de arte e uma exposição para celebrar o encontro destes 96 nomes da arte paulistana.

Entrelinhas Urbanas

 

O livro foi lançado neste mês na Praça das Artes, no centro de São Paulo, onde as obras ficarão expostas até 24 de junho de 2017. A exposição será itinerante e depois seguirá para outros bairros pela cidade afora.

A curadora Mariana Jorge e Ivy Miranda, sócia da Sê-Lo. Foto: Divulgação

A curadora da exposição e sócia da Sê-Lo, Mariana Jorge, conta que foi criada uma campanha de financiamento coletivo para levantar fundos para a realização do projeto. O valor arrecadado foi investido na impressão da produção. Apesar de terem batido na porta de várias empresas, a Sê-lo não conseguiu um patrocinador. “O projeto demonstra ser de muito interesse coletivo, mas as marcas não apostaram na gente”, diz.

O jeito foi correr de forma independente e contar com marcas que apoiaram o evento de lançamento. Foi por causa da colaboração coletiva de pessoas que acreditaram no projeto que foi possível transformar essa iniciativa em realidade.

Para Mariana, sem fomento, projetos como esse não saem da gaveta.

 

“Não dá para o Estado achar que patrocínio ou bilheteria resolve o problema de cultura porque não rola.”

A jovem Jéssica Aquino, de 20 anos, representou o bairro Pedreira, extremo sul de São Paulo. Ela começou a desenvolver as primeiras telas ao 17 anos depois do incentivo de uma professora, encorajamento que Jéssica quis passar adiante. Com um grupo de amigos, Jéssica criou o coletivo The Paint Crew  e passou a dar oficinas em escolas públicas para crianças. O grupo já passou por mais de cinco escolas e resolveu criar o coletivo The Paint Crew Kids – hoje com 25 crianças – juntando os  melhores alunos de cada oficina.

éssica Aquino ao lado de sua obra. Foto: Bea Andrade

 

Tina Sallowicz, de 24 anos, retratou em sua obra troncos da árvore Cambuci que – apesar de ter nome de outro bairro – formam o mapa de Santo Amaro e é o símbolo da região. A menina do cabelo azul, que começou a desenhar rabiscando na mesa de centro da avó, quis homenagear seu bairro, mas também fez uma crítica ambiental. Os troncos representam o desmatamento e o crescimento desordenado que aconteceu na região.

Jhonny Jhon tem 32 anos e é representante de Cangaíba, zona leste. Ele está sempre junto com os amigos tentando inovar nos trabalhos para que o bairro possa ter mais a cara do graffiti. Ele lembra que quando começou a pintar por lá era visto como um “marginal”, porém hoje recebe reconhecimento por diversos projetos feitos (Leia também Mural Urbano: Jhonny). Assim como Jéssica, Jhonny tem como objetivo levar arte para a molecada por meio de oficinas gratuitas em escolas e centros culturais. Para ele é imprescindível levar cultura e arte para todos os extremos da capital – lugares onde as iniciativas do Estado não chegam e o crime domina.

Johnny Jhon ao lado de sua obra. Foto: Bea Andrade

Veja mais fotos do lançamento do livro e exposição:

Assista ao vídeo da campanha:

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