Em outubro de 2015, colei na gig do Sky Down, Color for Shane e Garage Fuzz na belíssima Casamarela, em São Bernardo do Campo (ABC Paulista). Além de ter encontrado grandes amigos e assistido bons shows, conheci pessoalmente a arte e a figura viva de Erto.

Garage Fuzz na Casa Amarela por Felipe Cabello

Dead Fish na Casamarela por Felipe Cabello

Natural de São Bernardo do Campo, artista plástico, ilustrador, diretor de arte e designer. Ex-integrante da maior ocupação artística da América Latina, no centro de São Paulo, o Ouvidor63; foi lá que produziu a maior parte da série de ilustrações. No edifício, organizou exposições e eventos, ministrou aulas gratuitas e começou a se destacar pela produção artística. Hoje, é atual coordenador de formação de artistas pelo Instituto Romanos.

Para nos adentrarmos no universo de Erto, trocamos aquela ideia e o cara nos contou um pouco mais sobre o que ele anda aprontando por aí…

Obra feita em co-autoria com o artista Augusto Amaral na Casamarela.

Conta aí… como anda a vida?

O ano de 2015 me marcou pela saída da ocupação, o retorno ao laborial de escritório e o confronto de viabilizar tanto meus projetos artísticos quanto os comerciais.

Outro ponto crucial foi a abertura que tive na Casamarela. Lá fiz dois muros, várias artes espalhadas pelas paredes, exposições e instalações. Tive muita liberdade para explorar linguagens e experimentar. Convidei o artista plástico Augusto Amaral (finalista do Art Battle e amigo da época de ocupação, foi com ele que toquei o ateliê no segundo andar) para trabalhar em co-autoria em duas ocasiões, o que foi muito gratificante. Também iniciei uma parceria muito produtiva com o Coleta1994, que produziu sua própria instalação na Casamarela e acabamos trabalhando juntos um na obra do outro. Logo em seguida, o Arnaldo Zambone emplacou a instalação Nephilin Ciclope, que está na última semana de exibição.

“Somos nós mesmos a fonte de todos os tormentos”.

Agora em 2016, continuo com meus projetos autorais, sempre que posso. Tenho muitas ideias na gaveta de muita coisa que pretendo fazer. Tem até uma pesquisa sobre a neurociência das plantas, uma área ainda pouco estudada. Esse trabalho vai culminar em uma outra instalação artística, meu maior projeto até a data. Não posso contar muito mas dá para esperar uma mescla de câmara de tortura com tradutor universal. É um percurso imersivo que usa bioarte e ciência para questionar alguns conceitos contemporâneos que estão em voga.

Erto 2

Erto 1

Sinto que hoje em dia se fala muito, se faz pouco e mal se pensa honestamente sobre vários temas que, supostamente, deveriam ser os mais ativamente explorados, como sustentabilidade, política, ética e colaboratividade. Sinto que muitas perguntas nem estão sendo feitas e pretendo contribuir para darmos alguns passos nesse sentido, enquanto sociedade.

Instituto Romanos

O Instituto Romanos, que foi inaugurado este ano, se tornou uma grande paixão. Convidamos artistas de todos os lugares, da música às artes visuais, da fotografia à luthieria, para ministrarem cursos, workshops e palestras aqui no ABC.

Enivo

Em setembro, por exemplo, o Enivo (de quem sou fã) vai vir ministrar o workshop O Graffiti como Estilo de Vida, sem contar a segunda edição da Oficina de Fotografia: Ensaio Sensual que acontece agora dia 30/07 com a fotógrafa Dani Botelho e a modelo Thays Vita. Estamos montando uma exposição das fotos da primeira edição lá na Casamarela.

Vitta

A intenção do Instituto é fomentar a cena artística e cultural da região, que sempre teve grandes artistas, mas pouco mercado. Temos ganhado cada vez mais destaque e queremos fortalecer os laços entre artistas, trocar conhecimentos e construir pontes com outras cidades. Já tivemos gente vindo de São Paulo, Santos, Guarujá, Jundiaí e até do Mato Grosso, é uma satisfação muito grande oferecer esse ponto de contato entre artistas de tantos lugares diferentes.

Soma

Além de tudo isso, sigo trabalhando como designer freelancer para alguns clientes, de grandes marcas à pequenas bandas. Fiz a arte pro disco do Brutamonte e agora estou produzindo para a banda Devilish, que veio lá do Sul pra produzir em São Paulo. É muita coisa pra fazer em pouquíssimo tempo (puro caos, do jeito que eu gosto).

Ainda é muito difícil viver apenas de arte nesse mercado, mas com trabalho duro e muita dedicação, a gente traça o nosso caminho. Por isso faço de tudo pra inspirar as pessoas que convivem comigo.

ERTO

Todos temos muita dificuldade para trilharmos o nosso próprio rumo, seguir nossos sonhos. É muito difícil deixar a ideia de “emprego” de lado e criar a vida com as próprias mãos. As pessoas precisam de coragem, perseverança e de um empurrãozinho. Eu sempre tento dar esse empurrão quando identifico um talento que a pessoa deixou de lado. Não tem nada mais gratificante do que inspirar os outros. Afinal, qual é o papel da arte, se não for esse?

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