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Ilustração: Aline Paes | Texto: Luan Magustero

Coração meu, porque não me deixas dormir um sono extenso? Essa torrente de vagas continua a bater em teu ferido dorso. Não és, ó coração, um duro rochedo que te sustentas no mesmo lugar! Vagamos, pela areia, para lugares algum e nenhum, à praia, e fico ébrio, quando desperto, estamos sempre na margem do mar.

Digas, coração meu, só a mim, cicias no sonho o que te esperas. Ah sim, então és tu quem esperas. Digas qual tua esperança, e tua maior dor, para que eu não perca a aurora que renascerá da mais longa noite. Ah, a felicidade me aguarda em algum amanhecer!

E o que amas? Ah segredo tão teu…

O pranto se escuta, sente, bebe, mas não se enxerga, coração fremente! Eu a vi chorar, e chorando, percebi, o grande amor meu diante das lágrimas. Fulgurou a foz e quis me banhar e suportar nos braços o caudal dela. E logo ela que adora o sol. Será por isso que adora estar feliz? E eu a chuva?

E o destino me presenteou: chove nesta madrugada que canto. E pergunto-me se choras. Chora, chuva? E ela me respondeu, e agradeço seu ser cordial. Tenha esperança, ainda virá o sol. Cada um solitário no seu afélio. E de todas as flores banhadas de lágrimas, tu és o mais lindo orvalho.

Perco-me na tua lágrima, ó profundeza que desgoverna meus condicionados movimentos! Machucar-te-ia de amor para vê-las caírem, e antes de tocarem o chão eu as beijaria com o meu maior prazer da vida.

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