cronicaFotografia: Hudson Rodrigues | Texto: Luan Magustero

Que haja a benção de seus pais, de quem te ama, no caminho de tua jornada, para que não haja vestes nenhuma diante próprio nu amor. O coração será tocado quente e friamente, como fogo e água, como na origem da beleza e desgraça; e dele brotará a bela canção da morte, ou um acorde da vida, ou a felicidade mais silenciosa, ou o sonho mais belo que nunca será, ou uma sagrada verdade, ou até mesmo outro caminho.

E que não haja a benção! Então como todo o vermelho histórico do teu sangue suscitarás o amor e a dor de teu passado em teu coração? Irás um dia olhar para trás, e quem pensava em ti se fumegou e chegou até teu nariz, das impuras vestes te convalescerás, e a saudade se completará como o único traço de um círculo em giz.

Tudo que o coração não pode, o que está por perto, a mão aperta forte. Nada que podemos segurar nos pertence. Assim como a infância, assim a infância se despede, com o olhar mais nu que ainda sobrevive entre nós, mais espantados, que nos soletram sem ensaio o inefável fadário, e outorgam as primícias do sempre inconcebível.

Uma vez ouvi de um velho homem: “ouças uma criança, mesmo que naquele momento tu não a entendas, mas um dia quem sabe”.  E foi como: “E tens a minha benção!”.

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