Rasante Apesar da falta de água, do calor, das tempestades e dos R$3,50 a menos no bolso do trabalhador, 2015 não poderia começar melhor na capital paulista que respira música e arte a cada esquina! Em meio à confusão urbana de São Paulo só nos restam boas doses de arte e improviso para driblar as adversidades do dia-a-dia. Nesse clima de improvisação, a trilha sonora ideal não poderia ser nada mais nada menos que um bom jazz como o do saxofonista Marcelo Monteiro, que se apresenta nessa sexta-feira no Sesc Pompeia na estreia de seu novo álbum Rasante.

Nascido em São Paulo, Marcelo Monteiro é um daqueles artistas que traduz bem a paisagem urbana e caótica da cidade com seus solos e grooves hipnotizantes. Numa especie de diálogo com o espaço, Marcelo tem sua inspiração na dinâmica da vida na metrópole. Não à toa nomeou uma de suas composições de “Praça da Sé” que segue muito bem o ritmo frenético e tumultuado do centro.

Marcelo já tocou ao lado de nomes de peso como Gilberto Gil, Jorge Mautner, Arnaldo Antunes, Chico Cesar, Emicida, Luis Melodia, além das várias participações especiais em projetos de amigos e parceiros de longa data como Alfredo Bello e Simone Sou no Projeto Cru, Cumadre Fulozinha, Karina Buhr, Banda DonaZica, Bixiga 70, Projeto Freegideira, Pipo Pegoraro, e Cérebro Eletrônico.

Atualmente se dedica ao seu trabalho autoral na formação de quinteto com quem tem se apresentado, além dos projetos paralelos com Guilherme Kastrup, Flavio Tris, Ortinho e DJ Tudo e sua Gente de Todo Lugar.

Trocamos uma ideia com o Marcelo em que ele nos conta mais sobre sua carreira e sobre seu novo projeto Rasante.

Soul Art: Como é pra você que já tocou ao lado de tanta gente estar lançando seu segundo disco?

Marcelo Monteiro: Realmente já toquei com bastante artistas e paralelamente a isso, sempre tive vontade de ter meu próprio trabalho, minhas composições, já tive bandas instrumentais em que eu compunha alguma coisa, a Luz de Caroline, Projeto Cru (com Alfredo Bello e Simone Sou), e me dava um prazer em compor e depois levar a música para a banda executar. Comecei esse trabalho autoral próprio através de um convite do Marco (dono do Tapas Club da Augusta) para tocar uma temporada no bar quinzenalmente às quintas, eu não tinha músicas suficiente para o repertório, então tocava uns dois ou três temas meus e as demais de compositores como Coltrane, Mulatu Astakte, Ernest Ranglin. A formação era um trio, sax, baixo e bateria, sem instrumento harmônico, fomos chamados para tocar durante o mês de outubro de 2010, mas aí o pessoal foi gostando e acabamos prolongando a temporada por dois anos. Isso foi a chave para começar a compôr, a cada semana experimentava um tema novo, até que chegou um momento que não tocava mais músicas de outros compositores, só as minhas. Então com músicas suficientes, gravamos o primeiro cd em 2011. Com esse cd tocamos em lugares importantes, Instrumental Sesc Brasil, Festival Jazz na Fábrica, Festival de Inverno de Garanhuns, Festival Expresso Jazz SP, Conexão SP, Jazz nos Fundos. Já com o segundo CD, fizemos com um quinteto, mais as participações de Guilherme Kastrup nas percussões e de um trio de cordas. Olhando para trás, de quando tocávamos no Tapas Club até hoje, eu vejo um crescimento no trabalho, pois meu sonho era tocar no teatro do Sesc Pompéia com meu trabalho, e agora teremos o lançamento oficial lá. Estou muito feliz com o resultado desse disco.

Soul Art:  Como você se exerga dentro da cena músical autoral e instrumental em SP? Você acha a cidade propicia para sua música?

Marcelo Monteiro: São Paulo certamente é um lugar propício para a música autoral, temos muitos espaços aqui e ao mesmo tempo temos muita gente boa no cenário instrumental autoral, tanto em São Paulo como no mundo inteiro, e dentro dele creio que pouco a pouco meu trabalho vai conquistando seu espaço, faço minhas músicas com muito amor. Já me disseram que se o trabalho fosse apresentado como uma banda  seria mais fácil, ou menos difícil, parece que o disco de um instrumentista, carrega uma responsabilidade de ter um certo virtuosismo. Eu gosto deste desafio, me propõe um sentimento de auto-realização.

Soul Art: Como você definiria seu som? Quais referências que permeam o Rasante?

Marcelo Monteiro: Eu acho que tem muita influência jazzística, mas não acho que seja um disco de jazz. Mas o que eu gosto é que minha música, por sua influência jazzistica, a parte de improvisos, pode tocar nos espaços de jazz de São Paulo, e também em casas de outros estilos.

Sobre as referências do Rasante, voce pode ouvir um ijexá na primeira música (Saudação), uma influência do ethio jazz (Cairo) e afro beat (Caleidoscópio), mas acredito que mesmo com essa diversidade de referência, não perde a identidade do disco todo. Talvez possa ser considerado um disco de Jazz com influências da musica afro e ritmos brasileiros.

Soul Art: Conta um pouco sobre a foto da capa do disco pra gente?

Marcelo Monteiro: A foto da capa foi feita por Eric Bergeri, fotógrafo e videomaker francês que mora em São Paulo, especialista em imagens aéreas e videos em 360 graus, trabalha com drone. Essa foto da capa é uma da série de fotos aéreas sobre São Paulo, feita através de um helicóptero. O prédio é o Copan e acho legal que essa foto da capa ilustra bem o título do disco.

Quer saber mais sobre o trabalho do Marcelo Monteiro e ouvir o disco? É só dar o play aqui embaixo e acessar o link do site oficial. Para mais informações sobre o show no Sesc Pompéia acesse: http://www.sescsp.org.br/programacao/52003_MARCELO+MONTEIRO#/content=saiba-mais

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