Desde o começo, o que mais me motivou a publicar meus escritos, foi a possibilidade real de poder dividir com os amigos, as pessoas queridas, meus leitores! Aqueles textos que, de alguma forma, tivessem-me feito deitar a alma no papel e me emocionado. Felizmente, em todas as ocasiões em que estas redações vieram a público, houve uma comoção partilhada.

Muitos desses momentos aconteceram em formaturas, eventos que, particularmente gosto de fazer. O texto de hoje é um dos muitos que tantos amigos me pedem para publicar.

Não é uma crônica, nem um conto. É um discurso.

E me faz muito bem essa liberdade de poder escrever o gênero textual que eu quiser. Isso me deixa mais livre para poder escrever e dividir o que eu puder de mais belo e bom oferecer a vocês…

Trata-se de um texto em que eu dizia em nome dos pais. Não foi difícil… porque foi exatamente o que eu senti quando meus filhos se formaram nos mais diferentes ciclos…

 

 “Por mais que você tenha aprendido em todos esses anos, você não sabe como eu me sinto agora…

Por mais que você tenha aprendido tanto, durante todo esse tempo na escola, você não sabe o que é ver aquele seu menino, aquela sua menininha, subindo nesse palco para receber esse canudo. Enquanto você comemora com seu coração inteiro; o meu está menor do que essa lágrima que eu insisto em impedir.

Você caminha querendo gritar de alegria; e eu silencio gelado sem querer ouvir o futuro me dizendo: “Agora sua criança está ficando mais longe de você. Daqui por diante, ela vai mais embora a cada instante”.

Você aprendeu tanto. Já conversa comigo de igual para igual e até insiste em me mostrar que estou errado, quer me ensinar… mas você jamais terá ideia de tudo o que eu tive de aprender na marra… só para ensinar a você!

Fotografia por Mek

Você sofreu com os mistérios da Física, da Gramática, da Biologia?… Eu… eu tive que aprender a ser forte para você não se apavorar. Tive de controlar meu desespero quando você, tão bebê, parecia não respirar. Tive de aprender a falar com Deus e a pedir que aquela tosse que te maltratava passasse para mim, porque era insuportável supor seu sofrimento.

Eu sei que você se vangloria por saber mexer naquele maldito controle remoto cheio de botões, naquele celular que faz de tudo, exceto funcionar quando eu te procuro, ou espero você me dizer onde, como e com quem está! Mas você não sabe o que é conviver com a ideia de não poder faltar, porque ninguém além de mim ia saber te amar mais… do que eu.

Enquanto você não tiver os seus filhos, você não vai saber desse amor que nos obriga a sermos melhores do que somos. Não vai saber da delícia de viver com as culpas de nunca ter podido ser o ideal.

Eu devia ter brincado mais com você, devia ter te levado mais aos parques, podia ter sido menos implicante, podia ter deixado você comer aquele sanduíche nada saudável, podia ter ouvido um pouco mais daquela música medonha, e visto um jogo seu, uma apresentação de balé, o teatrinho…

Eu devia ter me preocupado mais em privar você das cenas de brigas em casa do que com a violência que você podia assistir na TV. Eu devia ter me esforçado um pouco mais para ser um pouco menos super e poder ser apenas… Humano.

Você não sabe como é ter tanto carinho para dar e ter que esperar os netos para me desculpar…

Você não sabe o que é ficar vendo você aí tão lindo, tão linda, enquanto tenho comigo só essas mãos frias, esses braços tão inúteis sem dizer o quanto a minha vida tem sentido com você!…”

Certa vez, li um texto do Affonso Romano de Sant’anna (Para quem  é pai, mãe e para os que ainda serão) que me inspirou a escrever este. Na ocasião, ele disse também por mim. Hoje, espero ter dito também por você, leitor(a) amigo(a)…

Fica com MEU ABRAÇO MELHOR!

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