Melhor do que morar na quebrada, é descobrir o valor do todo pela qual ela é formada. Quando o assunto é a periferia, os temas sempre passam por baixo investimento em cultura, carência em educação, pobreza, exclusão social. Mas vale a pena lembrar que deste abandono surgem muitas ações de revitalização e inovação, criadas por pessoas de muito potencial. Pessoas, como as responsáveis pelo Grupo OPNI.

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Fundado em 1997, o Grupo OPNI desenvolve ações culturais que sempre retratam o cotidiano periférico, realizando murais e exposições “artivistas”. Entre os principais projetos, está a Galeria a Céu Abertoque o coletivo mantém desde 2009, em sua comunidade de origem – São Mateus -, em uma caminhada repleta de intervenções artísticas.

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Como moradora da Zona Leste posso garantir que o graffiti daqui é um privilégio. Pelas ruas temos verdadeiras exposições com trabalhos de importantes nomes do graffiti, que além de colorirem o local, grifam a falta de investimento do governo.

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Ao longo da trajetória de 17 anos, o Grupo OPNI, junto com outros coletivos locais, fundou a ONG São Mateus em Movimento, maior articuladora cultural na região (2008); participou da 1ª Bienal Internacional Graffiti Fine Art no MUBE (2010); interpretou os painéis “Guerra e Paz”, de Cândido Portinari, no encerramento da exposição em São Paulo (2012); recebeu o prêmio de Melhor Grupo de Graffiti no “1º Prêmio Mundo da Rua” (2012); customizou o tênis do astro americano de basquete, Kobe Bryant, a partir de um convite da marca Nike (2013); e recebeu o prêmio do edital PROAC HIP HOP nº35/2013 com o projeto “Galeria a Céu Aberto de São Mateus: Graffiti e Rodas de Conversa” (2013).

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Para somar a esse extenso repertório de conquistas, o Grupo OPNI foi selecionado para representar o Brasil com o graffiti no 45° New Orleans Jazz & Heritage Festival, que começou no dia 25 de abril e vai até 04 de maio.

Criado na década de 1970, o Festival é considerado o maior evento de música da América, atraindo cerca de 500 mil pessoas, durante os sete dias de realização. Anualmente, 12 palcos se dividem entre estilos diversos, como jazz, gospel, blues, R&B, rock, funk, folk e música africana e latina. Nesta edição, o line up conta com nomes do porte de Bruce Springsteen, Robert Plant, Public Enemy, Santana, Vampire Weekend, Arcade Fire, Alabama Shakes, Christina Aguilera, Foster The People, citando algumas das mais de 400 atrações.

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Em 2014, o New Orleans Jazz & Heritage Festival presta homenagem ao Brasil por meio de diversas frentes, como música, exposições artísticas, painéis, workshops, apresentações multimídia, sessões gastronômicas e demonstrações de capoeira; e em termos de som, o ritmo brasileiro (samba, afoxé, forró, congada, entre outros).

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Durante o Festival, o coletivo formado por artistas de São Mateus irá promover intervenções live painting, produzindo um painel com mais de 10 metros, próximo à Casa Brasil, tenda criada especialmente para abrigar demonstrações características da música, artesanato e culinária de rua do nosso país. A exposição intitulada Favela Jazz, será constituída simultaneamente ao longo dos sete dias de evento. Como inspiração para este trabalho, os grafiteiros usam a forte conexão que há entre a manifestação cultural mais marcante da cidade de Nova Orleans – o jazz – e os projetos que o Grupo OPNI desenvolve nas periferias do Brasil afora. Tal vivência os levou à percepção de que a raiz africana é o elo que influencia tanto Nova Orleans, e sua música, quanto o trabalho desenvolvido pelo coletivo em seus 17 anos de existência.

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“Quando jovens, nós sonhávamos em ser jogadores de futebol, ou simplesmente em ter um emprego formal. No entanto, não conseguimos entrar no mercado de trabalho, pois as dificuldade e discriminação para com moradores dos subúrbios eram muito fortes. Então escolhemos a arte e ficamos no graffiti. Nós fizemos dele uma via de comunicação com a sociedade. Para nós, representar o Brasil no New Orleans Jazz & Heritage Festival é também uma oportunidade de promover um diálogo do jazz com as camadas mais populares do nosso país. Além disso, também queremos mostrar a arte de São Mateus para o mundo”, explica Toddy, um dos fundadores do GRUPO OPNI, adiantando que o intercâmbio cultural não terá seu fim no festival. A ideia é partilhar a experiência no Brasil. Especialmente nas comunidades, criando futuramente uma devolutiva da vivência, ao povo que é fonte de inspiração para os trabalhos do coletivo.

Você encontra mais informações sobre o evento, clicando aqui. Já sobre o GRUPO OPNI, aqui.

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