É tudo isso mesmo? Será que é verdade que existe pandemia de coronavírus?
Sim, existe pandemia! Vivemos uma situação viral gravíssima. A aceitação e o entendimento de algo dessa magnitude, com esse nível de impactado em nossas vidas, tão devastador, passa e depende de formações de estruturas psíquicas, logo a NEGAÇÃO é algo muito esperado, mesmo que, socialmente, não seja aceito, claro.
Afinal, porque negamos a pandemia?
Vamos imaginar o seguinte cenário: estamos vivendo um conflito de guerra, numa região bastante povoada, e há um bombardeio do lado de fora. O alvo do inimigo é sempre onde se concentra a população local (estações de transportes em horário de pico, escolas, estádios, shopping, prédios comerciais etc).
Qual seria a estratégia pra diminuir o risco de sermos alvos em grande escala de morte em um possível bombardeio? Qual decisão individual você que está lendo este texto tomaria nessa situação? Iríamos nos abrigar para nos proteger ou decidiríamos negar?
O pensamento comum é assim: “vou sair pra rua mesmo, besteira tudo isso, quem paga as nossas contas? Inocente não morre, não. Eu não sou alvo dessa guerra, nem concordo com ela, inclusive”! Certamente, a bomba não escolheria em quem acertar.
E sobre o estado e os empregadores? O que de fato iríamos esperar e cobrar deles nessa situação? Medidas protetivas à população? Garantia de suprimentos? Subsídios aos comércios pra se manter fechados? Ações em resposta antes das bombas devastarem nosso povo?
Porém, por que paira no ar uma resistência ao se proteger do vírus? Por que vemos tamanha falta de ações de combate daqueles quem estão no poder?
Além da ausência de estratégia (ou erro nas ações de resposta nessa guerra pelos nossos comandantes), há também uma decisão subjetiva que todo sujeito possui em si, frente as mais variadas situações da vida, o que na psicanálise é chamado de mecanismos de defesa, nesse caso estamos falando da negação.
Segundo Freud, a negação refere-se a um processo pelo qual o sujeito, de forma inconscientemente, não quer tomar conhecimento de algum desejo, fantasia, pensamento ou sentimento, como se não suportasse o real. Anna Freud classifica a negação como um mecanismo de defesa de uma mente imatura, ao entrar em conflito com a (in)capacidade, falta de estrutura, de aprender ou lidar com a realidade.
Por outro lado, acreditamos que as pessoas não queiram morrer ou ficar doentes. Essa negação também sugere o não aceitar nesse sentido, pois da mesma forma que podemos interpretar como pulsão de morte, ou seja, “há um risco, faço do mesmo jeito”, há também uma pulsão de vida, onde “não aceito a morte, quero viver”.
Porém, o fato mais destacado nesse cenário que vivemos com relação ao coronavírus é a falta de empatia. Pois, podemos morrer ou não, numa escolha seja ela subjetiva ou concreta, mas nessa cenário a negação trás o risco da contaminação ao outro, aqueles que tomaram a decisão de se proteger, não dando-lhes oportunidade de escolha, algo muito semelhante ao comportamento perverso, por não se sensibilizar com a possibilidade do sofrimento do outro.
O jogo virou. Mudanças no grupo de risco!
Vamos imaginar outra situação! Imagine nós que o coronavírus fosse mais letal a jovens e não aos mais velhos, como nossos pais e avós. Será que eles sairiam de casa mesmo na consciência do risco de contaminar seus filhos e netos? Possivelmente não.
Contudo, mesmo de forma hipotética, esse cenário citado poderá ser vivido. Afinal, os mais velhos serão vacinados e ficarão imunes ao vírus, certo? Pra faixa etária mais jovem, não há sequer previsão de quando serão vacinados. Mesmo considerado grupo de baixo risco, já vemos alguns casos variantes onde jovens foram vítimas e, infelizmente, chegaram a óbito. Ou seja, em breve o jogo vai virar e os jovens ficarão na necessidade do bom senso dos já imunes.
Do mais, superada a negação da pandemia, devemos sim ser vacinados de bom senso desde já, sem faixa etária ou grupo de risco, pois arriscado é não ter bom senso, não promover auto cuidado e deixar de cuidar dos nossos.
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