No contexto político, podemos considerar as palavras golpe e independência como antagonistas. Pois o resultado de um golpe de Estado é justamente a subserviência, a manutenção de uma sociedade pra poucos, nas tomadas de decisões, participação e partilhas.
Ou seja, golpe na democracia é golpe na independência e soberania popular. Golpe é ver os inimigos maniqueístas tomando o poder sem escrúpulo algum. Golpe é crer que acordos à portas fechadas e sem participação popular irá garantir benefícios coletivos. Golpe é testemunhar os amigos se aliando (ou gerando conciliação, o termo que convém) aos inimigos pra manutenção de poder ou pseudo governo estável.
Sendo assim, essa data representa também um golpe, mas a história é contada muitas vezes por quem a vence, mesmo repleta de contradições. Precisamos entrar em contato com nossa formação social e reescreve-la pela versão do povo.
A data de sete de setembro relembra a intitulada independência do Brasil, na emancipação ao Reino de Portugal. O Dia da Independência do Brasil ficou conhecido pelo episódio do “Grito do Ipiranga”.
De forma romântica, a Independência do Brasil deu os primeiros passos às margens do Rio Ipiranga. O nosso príncipe Dom Pedro ordenou aos seus soldados que o acompanhavam, que jogassem fora as representações da realeza portuguesa que identificavam os seus uniformes.
Em seguida, segundo sabemos, ele explanou o famoso grito de “Independência ou Morte” e a partir de então, simbolicamente, o Brasil não era mais uma colônia de Portugal. Mesmo assim, curiosamente, o Brasil continuou a ser uma Monarquia (governo onde os poderes são exercidos por Rei, Rainha ou Imperador).
Bem, resumindo o feriadão, digo, a data histórica brasileira, temos esse marco em nossos registros e assim aprendemos na escola e até hoje essa versão é a nossa história oficial.
Sabemos hoje, por meio de historiadores comprometidos com os fatos e formação da nossa sociedade brasileira, de todo contexto da independência e que não foi assim como uma novela ou filme de Hollywood. Que tivemos as investidas e influencia imperialista de Bonaparte, a transferência de D. João e as revoluções e revoltas populares em muitos pontos do nosso vasto território. Enfim, a independência em si foi uma estratégia de tomar o controle novamente, de buscar por meio reposicionamento, decretos e tratados, recolonizar o país e gerar a tal manutenção conciliadora de poder. Em outras palavras e interpretações, temos então mais um nosso tão conhecido golpe na história tupiniquim!
O que chama atenção, é como passa-se o tempo e o modes operandi dos que detém o poder é sempre esse: Entreguismo! Parece ser uma missão impossível, nos moldes de Tom Cruise, libertar o país da influência estrangeira exploratória, sem trocas de riqueza e saberes, mas de acordos e usurpação do que é nosso por direito. Independência então, como feriado está cumprindo seu papel (ou papelão), mas marca nossa história e se repete como forma de golpe na soberania popular. Como diria Freud, repetir pra recordar não pra continuar no erro, afinal há necessidade de elaborar e superar essa dinâmica de governar.