Depois de tanto tempo com medo de um inimigo invisível, como será a sociedade pós-Covid 19?
O cuidado em saúde não deve ser focado somente na doença, mas sim na vida da pessoa. Ou seja, damos ênfase ao sintoma e não em que levou as pessoas a ficarem doentes. Temos a obrigação de acolher e não de produzir, de não encaminhar ou solucionar, a obrigação de fato é de cuidar.
Falo da perspectiva da área social e da saúde pública, refletindo no contexto da pandemia e pós a ela, onde será necessário levar em consideração essa afirmação acima.
A pandemia de covid-19, além das perdas diretas e complicações devido a agressividade do vírus em nossos sistemas imunológico, também nos revelou que deixará em nós sequelas, tanto físicas, no sentido biológico, tanto emocionais e sociais. No quesito direto da saúde biológica, vemos casos de pessoas que vivem na sociedade pós-covid 19 desenvolveram ou houve atenuação das mais variadas comorbidades. Casos de desenvolvimento em diabetes, reumatismo, questões diretas ligada a respiração, tromboses e até agravos ao sistema gástrico digestivo.
Na parte emocional, vemos tantas mazelas como diretamente ao luto pelas mortes, o isolamento e as medidas restritivas de convívio, a falta de acesso e, além das incertezas diárias. Na área social, destacamos o alargamento da desigualdade, o desemprego e a elevação dos custeios básicos, a falta de educação e moradia, violência sobretudo as crianças e mulheres, entre tantos outros aspectos de grande impacto.
Será necessário atuarmos seguindo esse raciocínio, de entender a pessoa como ser composto, mas indivisível
Toda pessoa em sofrimento, está em sofrimento biopsicossocial, ou seja, trás um sintoma latente, mas por trás dele nos apresenta sua história e o que a trouxe até aqui. Pode se queixar de uma tristeza ou uma dor de estômago, mas trás consigo um ambiente de perdas, de falta de saneamento, de violência ou solidão. Percebe que nesse ensaio, sobre a ótica de uma sociedade em pandemia e pós covid-19 será primordial e indispensável esse entendimento sobre o contexto social, emocional e biológico de cada pessoa? Que nosso rumo seja de uma sociedade mais afetiva, no sentido de se afetar pelo outro e ter mais afeto as pessoas e suas diversas formas de se apresentar ao mundo.