Tanta coisa se moldou diante da pandemia do covid-19 e somente com o passar de algum tempo, iremos perceber de fato se caminhamos para equacionar os impactos dela ou se a sociedade, de forma perversa e pouco empática, viu na pandemia oportunidades de lucrar mais, criar novos nichos de negócio com menos mão de obra (ou relativizando a relação do trabalho), para gerar uma “exploração aceitável” e pouca qualidade na entrega da oferta as pessoas.
Ou seja, como vemos na educação a distância (EAD), optam pelo ensino virtual, desconsiderando a interação coletiva e troca de saberes, somente para exonerar da folha de custos um espaço físico onde há luz, água, limpeza, segurança, biblioteca, entre outros ambientes e, principalmente, trabalhadores e trabalhadoras. E não podemos deixar de citar a exclusão que esse tipo de novo serviço gerará a muitos que não possuem acesso e condições para estudo a distância.
Os serviços delivery e home office também já são uma realidade intensificada pela pandemia do covid-19 e, é provável, que essa tendência se perpetuará sob o discurso de “qualidade de vida”. Porém, mais uma vez será pelo mote de diminuição de custos (desde a máquina de café a “tia da limpeza”), para o trabalhador transformar seu lar em uma extensão da empresa e, indiretamente, entregando mais horas a produção, inclusive aos finais de semana, do que as antes presenciais no local de trabalho, sem a dicotomia de sua vida social.
Enfim, estamos vivendo algo que vai além dos impactos na saúde, mas que afetam as relações de trabalho, de convivência, as dinâmicas sociais e, sobretudo, a vida como bem estar e sobre direitos a necessidades gerais. Será necessário uma reflexão importante sobre os rumos que teremos nesse momento pós pandemia, para que os prejuízos sejam minimizados e que não deixemos que a roda gira ao contrário em prol de poucos, como tendência do velho novo de novo.