Seu processo artístico teve início com o pixo, no intuito de ser “visto e ter voz na sociedade”

Carlos Bobi é reconhecido no Rio de Janeiro e internacionalmente por seus trabalhos de street art e sua pintura experimental que mistura o realismo e abstrato, nos quais retrata o rosto humano e suas feições. Pessoas. Sempre resgatando a memória física de momentos e encontros que vivenciou.

Após esse período foi para o grafite e, das ruas para o ateliê. Bobi participou de inúmeros eventos e feiras nacionais e internacionais, pintando diversos murais e postes no Rio de Janeiro, e em outros estados do Brasil, além de participações em Las Vegas, Milão e outras grandes cidades. Um de seus projetos mais relevantes é o Meeting of Favela, o MOF, um grande encontro de grafiteiros, aonde participou como um dos organizadores.

O fazer artístico se dá como um constante exercício de sensibilidade, pensamento e ação. Como diria Mikhail Bakhtin, filósofo Russo do século XIX, ele “entende a atividade estética como ato ético diante do mundo, em rígida oposição à concepção da arte como expressão psicológica de um mundo supostamente interior do artista”. Para Bakhtin, “não há álibi para a existência, isto é, não é possível negar o fato de que assumimos um lugar único no mundo, de onde somos convocados eticamente a responder a esse mundo”.

Em outras palavras, não é possível dizer “não, eu não estava lá”, pois é precisamente o fato de “estar lá” que nos permite, inclusive, dizer qualquer coisa. Porque existimos e somos particulares, não somos dados ao luxo de sermos indiferentes. Ao contrário, temos a responsabilidade de responder à existência, e essa “respondibilidade” se articula precisamente em atos (pensamentos-atos, movimentos-atos, criações-atos).

Em Bakhtin, portanto, ser é agir: “É preciso pensar e é preciso agir”. Bobi tem relação estreita com a ação. Bobi age. Sempre espalhando rostos incógnitos pelas ruas desta cidade dita maravilhosa, agora, neste momento tão triste e difícil, resolve quebrar paradigmas identificando seus rostos. Homenageando artistas queridos como Abraham Palatnik, Daisy Lúcidi e Gésio Amadeu que nos deixaram por conta da pandemia da COVID-19.

Movido pelo campo relacional, e, portanto, presencial, as experiências “ao vivo” nas ruas do Jardim Botânico e outros bairros, representam o afeto-em-movimento do artista com outros artistas.

Carlos Bobi, às margens do Rio Cabeça, na Galeria Úmida, na exposição Memórias mostra algumas de suas obras produzidas a partir de 2016. “Dedicação” trata-se de uma releitura de registros fotográficos, enviado pela fotógrafa Mara Jane, de uma ação humanitária no Haiti em 2018.

Da Série Coadjuvantes temos “Menó”, termo utilizado nas comunidades como linguagem periférica que significa menor. O registro foi feito pelo próprio artista na entrega de cestas básicas, fazendo então fotos da família beneficiada. A obra “Menó” é uma pintura da face da criança da família, que passa de Coadjuvante a Protagonista.

E mais obras produzidas recentemente no ano fatídico de 2020 com títulos “Isolamento Social” e “Sossego ao Caos” e por fim contamos com o vídeo das artes que homenageiam artistas que morreram durante a maior crise sanitária e hospitalar da nossa história.

Liesel Rosas

Curadora
Ficha Técnica
Curadoria: Liesel Rosas
Design e Iluminação Expográfica: Úmida Arte
Design Gráfico: Rafael Carvalho
Produção e Edição do Vídeo: Ellos vídeo
Realização: Úmida Arte
Apoio: Unlimited Ideas e Inspiração Consciente

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