Nesse ano de 2023, iniciou-se um novo ciclo pós eleições gerais, entre novos e velhos congressistas e governantes estaduais, houve a mudança necessária no governo federal, sim necessária! Todos nós fomos testemunhas de como os últimos anos foram difíceis pra uma parcela da sociedade, inclusive essa em destaque a seguir.
A cobiçada faixa presidencial
Assistimos uma cena comum do ato presidencial, da qual todo presidente eleito, inicia seu mandato subindo a rampa do planalto central pra receber a fatídica faixa e, startar assim, seus trabalhos pelos próximos quatro anos (mas, com legados pra uma vida, ou melhor, com impacto por gerações). Dessa vez, tivemos algo diferente (podemos dizer que, simbólico e provocativo, poético e marcante), da qual o adjetivo e palavra que resume é: CULTURA.
Não foi o antecessor que, tradicionalmente, passou a faixa presidencial ao seu sucessor. Não foi!? Porque!? Bom, deixa pra lá, pois dá assunto pra outro artigo. Mas, assistimos a “cultura cuspindo na estrutura”. Como assim?
Continuando… Junto ao presidente Lula, eleito democraticamente pra exercer seu terceiro mandato, havia com ele figuras de uma sociedade plural, de um Brasil forjado na mistura de povos e resultado de desigualdades de oportunidade, distintas histórias e na representação de variadas formas de existir (e resistir). Diferentes, sim porém iguais em serem historicamente negligenciados na formação de nossa sociedade.
Vimos então as seguintes pessoas: Um jovem com deficiência, uma criança negra, uma mulher catadora, artesão, professor, um operário, uma liderança indígena, enfim, pessoas que simbolizam uma sociedade diversa em sua completude (na rampa subiu, a favela desceu).
Subimos a rampa!
O povo subiu a rampa… Podemos concordar que ali, para além de um ato solene, houve um compromisso social, um pacto de como se guiará as decisões e formas de fazer política como visão sociológica, ou seja, inclusão como palavra-chave (“vocês são valiosos”), a democracia materializada se fez presente, certo?
Se há quatro anos vimos então um presidente fazer gesto de arma com as mãos e, simbolicamente, moldar parte da sociedade em estar armada, ou seja, não só de um revólver, mas sempre armada nas relações sociais, na intolerância, pela propriedade privada e no individualismo, nas palavras ácidas, nas respostas prontas e opiniões sem base, na presença digital odiosa, armados e prontos para o achismo, negacionismo, com flerte na violência e hostilidade aos opositores, enfim, se a figura de um presidente conseguiu moldar ou externar parte da sociedade com seu exemplo de conduta, se isso é possível seja para o bem ou para o mal, devemos crer que assim será com essa subida simbólica e necessária na rampa, algo tão impactante!
Ali tivemos o avesso de tudo que vivemos nos últimos anos. Se o discurso era “a minoria deve se curvar a maioria”, vimos então que a soma das minorias também se faz presente e maior, que a sociedade é justamente isso, ninguém se curva a ninguém e todos devem subir a escalada social de cabeça erguida, de mãos dadas.
Porém, no Brasil, subir não basta!
É importante, é marcante e, simbolicamente, é necessário subir a rampa. Mas, não é efetivo! Precisamos além de subir, pensarmos juntos em efetivar a permanência na subida (continuar subindo ou fixar bandeira no alto). Senão, daqui alguns anos, veremos a decida, o declínio de uma sociedade que já está cansada em se curvar, a descer, seja nos direitos, no acesso econômico, abaixar a cabeça perante ao autoritarismo e, assitir sem camarote, o seu não participar das decisões sociais, sobretudo, as decisões que impactam suas próprias vidas… Nada sobre nós sem nós!
Há necessidade de permanecer no alto, justamente, para sermos vistos. Não dá mais pro trabalhador, ali representado, ficar abaixo e verticalizado nas relações, ora, ele subiu a rampa com o presidente! A mulher e o indígena não pode mais serem violentados e negligenciados. Afinal, estão de mãos dadas com o presidente! A pessoa com deficiência subiu uma rampa e não uma escadaria. Houve ali uma acessibilidade escancarada (vale lembrar que o próprio presidente é uma pessoa amputada). Vimos uma criança subir a rampa e, nessa escalada simbólica, podemos fazer uma analogia com o desenvolvimento Infantojuvenil, com a necessidade de garantias de acesso, da plenitude no estatuto da criança e do adolescente… “Paz sem voz, não é paz, é medo”!
Enfim, que caia a sociedade armada no individualismo, na autoridade histérica, ou melhor, no autoritarismo opressor. Que seja substituída por essa sociedade ali representada em um pacto social ao vivo e a cores. Pessoas essas tão esquecidas, negligenciada, violentadas historicamente, sem acesso ou garantias, que pra sobreviver inclusive é somente na base da luta (muita luta), da resistência, que não se acostumam em serem estatísticas. Vamos permanecer no alto ou continuar subindo a rampa, pra trás não dá mais, descer não está nos planos e não dá pra aceitar ou negociar essas vidas, nossas vidas! O lugar dessas pessoas ali representadas será no alto, o recado foi dado. Sem anistia!
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