Três jovens chegados à São Paulo se encontram numa festa e compartilham conjuntamente um banheiro. Dali surge uma amizade, e o convite para dividirem um apartamento juntos. A menina sugira um pacto de não envolvimento entre os três. De tão unidos são conhecidos na faculdade (cursam juntos o mesmo curso, coisa que não entendi) como Os 3. Breve a aspirante à atriz se envolve com um deles, diante do outro (aspirante a escritor/poeta) que a “ama” (original) de modo platônico. Um trabalho escolar sugere uma espécie de reallity show por internet, onde audiência pode comprar os produtos apresentados no programa envolvendos moradores de uma casa. Para não se separarem (papais não poderão pagar suas despesas), aceitam serem os personagens do programa. Como a audiência aumenta quando estão bêbados, fazendo festa e dançando juntos, passam a alimentar a expectativa do público simulando um triângulo que de fato não se faz. Ficção e realidade misturam-se na trama que constroem (encenam para as câmeras), mas acabam, de certo modo, escravos do falso esquema inventado.
Gostei do filme. Triângulo amoroso bonitinho, adolescente e com estética de comercial. Se tivessa assistindo em casa, ia me entediar, deixar pra ver depois e esquecer para nunca mais. Peguei o hábito de fazer isso. Mas o cinema e seu escuro impõe sua atenção. E vamos enfrentando diálogos bobinhos, com fotografia bonita de comercial. Tudo sem energia, mas divertindo. Descobri (refleti) que triângulo amoroso é uma espécie de “gênero”, como são as novelas de “gêmeas”. Os 3 é um filme singular: fraco e moralmente convencional, daqueles filminhos herdeiros de tevê e com mínimo de expressividade. Para começo de conversa, o triangulo amoroso nunca realmente se faz, pois um deles (o mais adolescente) vive apenas um amor platônico pela mocinha. Sei que deveria pôr aqui os nomes dos personagens, mas não os sei. Eles não tem uma “personalidade” que permitisse realmente distingui-los (engraçado pois isso está no próprio filme, na fala de uma quarta personagem que se “hospeda” na casa). São esteriótipos de uma modernidade urbana e algum modo ingênua. Mas o que me espantou, é que a trama não sendo de um todo inverossímil, é tão mal alinhavada que descremos das ações e reações da trama e personagens. Péssimo é perceber o potencial de caminhos perdidos, já que a premissa (mal aproveitada como foi) poderia dar vazão a muitos caminhos originais e interessante. Incrível é que Nando Olival dirige um film eque nem tenta ser entretenimento com aspiração a “reflexão”. E ele tinha codirigido Domésticas. Os 3 é só e tão somente um filme fofo, bonitinho, divertido. E por que seus criadores não querem mais que isso, fica entre a publicidade e o puro entretenimento.
Adorei a menina protagonista: ela tem carisma, é doce e apaixonante. Os meninos bonitinhos estão lá apenas para o teatrinho de um amor que não convence. Os 3 é daqueles filmes que acho que deveriam existir: inócuo mas divertido. Mas fico pensando comigo: para que gastar tanto dinheiro fazendo um filme para cinema em película (por que não vídeo) tão sem contundência.
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