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Um casal de mineiros que compartilham a vida e o amor pelo graffiti. Ela é louca por confeitos e ele por trens. Na pequena declaração que acompanha esse ensaio fotográfico, Raquel e More falam sobre o cotidiano e a arte de colorir muros por aí.

Raquel

Comecei a pintar em meados de 2009. Já me interessava por graffiti, mas comecei a acompanhar e entender melhor como aquilo funcionava quando conheci o More. O Bolinho surgiu da minha vontade de criar um desenho com o qual eu me identificasse. Eu sempre gostei de cozinhar e confeitar. Fazia cupcakes para os meus amigos, então o Bolinho me veio à cabeça como uma ideia clara, porque é delicioso e tem um apelo visual interessante.

Eu nem imaginava que o graffiti ia tomar a proporção que tomou em nossas vidas. A gente pensa e fala sobre isso o dia todo. Principalmente agora que meu trabalho é o Bolinho, a nossa vida e rotina gira em torno disso. Acho que o fato de nós dois fazermos parte desse mundo faz com que nossa vida de casado funcione bem melhor. Ele compreende que o graffiti é minha prioridade e que eu prefiro sair para pintar do que fazer qualquer outra coisa. O More é o meu maior incentivador, ele esteve do meu lado desde o primeiro Bolinho e acreditou em mim mais que eu mesma. Eu sei que ele gosta do que eu faço eu também gosto do que ele faz. Acredito que nosso trabalho se complementa de alguma forma, pois eu me sinto realizada com os resultados dele e vice versa.

Nossa dinâmica de pintura é separada. Nós pintamos individualmente, um tem o sábado e o outro o domingo, mas ele sempre me acompanha quando saio para pintar. Nós conseguimos ver Belo Horizonte por dois pontos de vista diferentes. Assim, temos mais possibilidades de ocupar a cidade! Toda vez que saímos de casa estamos naturalmente procurando novos espaços e um está pensando na arte do outro.

More

Comecei a assinar KC em 2007 com mais 2 dois amigos. Nós andávamos de skate há muitos anos e, de alguma forma, uma coisa levou à outra. A gente sempre gostou de graffiti, mais no estilo “bomb”, “vandal”…

Assistíamos a vários vídeos sobre graffiti em trens pela Europa e surgiu a vontade de fazer alguma coisa também. A gente já se intitulava como Kamikaze Crew, assim, na hora de pensar em um nome para escrever, a escolha foi óbvia. Com o tempo os outros desanimaram e eu continuei pintando. Nesse meio tempo conheci a Raquel, começamos a namorar e ela me acompanhava sempre que eu ia pintar. Naturalmente, ela começou a se interessar e se envolver cada vez mais, foi quando resolveu criar algo próprio para se expressar.

Desde o começo, eu apoiei e incentivei ela, mas sem forçar nada. Eu fico feliz em ver as coisas que ela conquistou com o graffiti. Desde que a conheci, seus planos e projetos mudaram completamente em função disso. Eu apoio e fico sinto muito prazer em fazer parte disso tudo.

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Entrevista e fotos por Bela Gregório

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