Álbum lançado em 1972, é hoje uma das preciosidades pouco conhecidas da música brasileira.
O mundo vivia um frenesi de emoções. Guerra Fria, Watergate, guerra do Vietnã e a ditadura militar no Brasil. Era década de 70. A década do fusca e do black power. Era o início do movimento punk e dos Embalos de sábado a noite. A revolta dos Anos Rebeldes com os resquícios do romantismo dos Anos Dourados.
Musicalmente, os anos 70 marcaram o surgimento de inúmeras canções de cunho social e de protestos contra a ditadura militar aqui no Brasil e, em meio a toda essa agitação, eis que surge o único álbum homônimo de Nelson Ângelo e Joyce. Uma pérola pouco conhecida da música brasileira.
Datado de 1972, é um álbum que remete aos meandros coloridos desta época. Vem do interior, dos confins úmidos das matas e, ao mesmo tempo, possui o doce embalo do LSD e toda a sua transcendência psicodélica.
As faixas desse raro LP movimentam-se por suaves nuances remanescentes do movimento hippie. Cruza elegantemente sonoridades típicas do Brasil com influências exteriores da sua época, samba brasileiro hipnotizante e toques folclóricos. A delicadeza na composição das canções é observada na faixa Comunhão que, se for ouvida de olhos fechados, pode propiciar a incrível sensação de estarmos em uma casa de campo, rodeados pela natureza, em alguma cidade do interior perdida numa época boa.
Composto por canções breves como raios de sol e nuvens que passam, esse disco é evocativo das brisas pacíficas que comungam com a Natureza. O poder do ritmo vintage brasileiro, arriscando brilhantemente construções mais complexas do paraíso. Por mais paradoxal que possa parecer, trata-se de um o MBP futurista que, hoje, faz parte do nosso passado.
Saiba mais
Nelson Ângelo, mireiro radicado no Rio, é um dos maiores harmonizadores do Clube da Esquina, casado com Joyce, formaram o grupo A Tribo (que contava também com Toninho Horta e Naná Vasconcelos). Joyce, é cantora, compositora e lançou o primeiro disco em 1968, pela gravadora Philips.
A direção musical do disco Nelson Angelo e Joyce ficoi por conta do Maestro Gaya, conhecido por trabalhar em diversos álbuns da casa Odeon na década de 70. Este vinil foi reeditado em 1977 pela EMI com a capa diferente do original.
Muita luz amigos, boa viagem pelos mais belos campos desse universo.
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