Produzido em 2011, Never Sorry, em português Sem Perdão, acompanha a trajetória política e artística de Ai Weiwei, o cineasta e ativista mais conhecido da China. Dirigido por Alison Klayman, o filme é um documentário extraordinário sobre a influência da internet na quebra de barreiras entre a arte, política e população, e nos mostra o importante papel da criatividade na construção de um estilo de vida politizado, livre e justo.Contrário a um sistema de governo controverso e repressor, o artista se arrisca e se expõe em uma luta a favor da liberdade. Assessor artístico na construção do “Ninho de Pássaro” (Estádio Nacional de Pequim, onde foram celebrados os Jogos Olímpicos de 2008), Ai Weiwei teria uma rica, confortável, renomada e tranquila vida, se não fosse sua insistente militância na construção de um legado reestruturado para as novas gerações.
Perseguido pelo governo chinês por suas obras e artigos sinceros e contestadores, Ai Weiwei “conquistou” um blog banido da internet, vigias na porta de sua casa, câmeras de vigilância em seu estúdio, perseguições em quartos de hotel, uma cirurgia para reparar os estragos causados por uma agressão policial, acusações jurídicas duvidosas e 81 dias de confinamento, sobre os quais não sabe dizer sequer o motivo. A arte do ativista chinês parece causar medo em muita gente importante.Em 12 de maio de 2008, um terremoto em Sichuan abalou a cidade. Decidido a descobrir o número de estudantes mortos, Ai Weiwei iniciou uma jornada investigativa para estudar a relação entre os danos do desastre e a falta de uma estrutura adequada por parte do governo da China – muitas das vítimas foram crianças, que se encontravam em horário escolar e foram surpreendidos pelo desabamento de suas escolas. Durante a investigação, foram feitas mais de 200 ligações para constatar o real número de mortos no ocorrido – cerca de 5 mil segundo Ai Weiwei -, mas a informação foi negada veementemente pelo governo. O artista alega que o silêncio em relação aos números se dá pelo receio a um escândalo relacionado à falta de investimento do governo em instalações seguras, preventivas a tais fenômenos, na construção das escolas do país.
Um documentário intimo, intrigante e essencialmente humano, que nos impulsiona a continuar batalhando aos poucos, lutando por uma estrutura que não condene as novas gerações aos mesmos problemas de sempre, permitindo que evoluam pouco a pouco, sem nenhum passo atrás.
“A liberdade é uma coisa estranha, se você experimenta uma vez, ela permanece em seu coração e ninguém mais pode tirar ela de você”.
Aproveitando a linda quinta-feira de hoje, você pode assistir o documentário acompanhado de um belo abraço, café ou de uma birita quente do bar lá do CineSesc, na Rua Augusta. A exibição da obra se encerra hoje. Confira a programação, clicando aqui.
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