Estreia hoje no Brasil, um pouco atrasado, o filme Take This Waltz (tristemente traduzido para Entre o Amor e a Paixão). A mesma mente sensível que nos trouxe Longe Dela, a diretora, atriz e roteirista Sarah Polley narra uma história que nem todos estão prontos para ver e ouvir: a realidade. “O novo também fica velho”, essa é a grande motivação desse belo filme.
Michelle Williams, já acostumada a fazer parte de romances sem finais felizes, como em Blue Valentine, interpreta Margot, uma jovem quase felizmente casada com Lou (Seth Rogen), autor de livros de culinária. Os dois formam um casal tranquilo e divertido, um pouco daquilo que todos procuram. Mas há algo errado no paraíso. É durante essa “falta” que surge Daniel, o novo. Eles resistem, mas aos poucos, os corpos se atraem quase que sem querer, e, então, cria-se uma das melhores cenas de sexo do cinema, sem sequer uma peça de roupa ser tirada.
Margot já enxerga Lou como o “velho” e não há nada mais que ela possa fazer para resgatar o que um dia tiveram. Assim, ela se entrega a Daniel, com um pouco de culpa, com muita dor, mas com vontade. É aí que Leonard Cohen e o poema de Federico Garcia Lorca, Little Viennese, chegam para deslumbrar o telespectador em uma cena técnica e madura. Através de uma câmera em rotação, mostra-se o ciclo de um relacionamento. Um filme é bom quando as cenas não exigem diálogos.
In Vienna there are ten little girls,
a shoulder for death to cry on,
and a forest of dried pigeons.
There is a fragment of tomorrow
in the museum of winter frost.
There is a thousand-windowed dance hall.
Ay, ay, ay, ay!
Take this close-mouthed waltz.
Little waltz, little waltz, little waltz,
of itself of death, and of brandy
that dips its tail in the sea.
I love you, I love you, I love you,
with the armchair and the book of death,
down the melancholy hallway,
in the iris’s darkened garret,
Ay, ay, ay, ay!
Take this broken-waisted waltz.
In Vienna there are four mirrors
in which your mouth and the ehcoes play.
There is a death for piano
that paints little boys blue.
There are beggars on the roof.
There are fresh garlands of tears.
Ay, ay, ay, ay!
Take this waltz that dies in my arms.
Because I love you, I love you, my love,
in the attic where the children play,
dreaming ancient lights of Hungary
through the noise, the balmy afternoon,
seeing sheep and irises of snow
through the dark silence of your forehead
Ay, ay, ay, ay!
Take this ” I will always love you” waltz
In Vienna I will dance with you
in a costume with
a river’s head.
See how the hyacinths line my banks!
I will leave my mouth between your legs,
my soul in a photographs and lilies,
and in the dark wake of your footsteps,
my love, my love, I will have to leave
violin and grave, the waltzing ribbons
O filme continua, porque a vida não acaba com “viveram felizes para sempre”. Margot descobre que a “falta” não pode ser preenchida, ela simplesmente existe.
Assista ao trailer do filme e vá ao cinema!
Não encontramos vídeos com legendas em português nem uma versão confiável do poema traduzido.
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