Repetidas vezes o imaginário dos cineastas foi além da estratosfera para mostrar aquilo que está fora de nossa órbita terrestre. Ir a mil luas, conhecer planetas, implodir meteoritos e procurar o segundo Sol. Nada é mais misterioso do que o espaço, aquela profundeza sem fim, em que os olhos são insuficientes para captar cada partícula em movimento.
É assim Gravidade (2013), do diretor Alfonso Cuarón. Ao criar um inacreditável cenário que combina luz e escuridão, Terra e o vazio infinito, o filme deixa o espectador extasiado nos primeiros dez minutos, com a beleza do espaço e do planeta água. O silêncio que marca o início de um cosmo que foi cena de filmes de ficção científica com milhares de explosões intergalácticas, torna-se uma paz, uma ausência de som atrativa para todos aqueles que desejam atingir um harmonioso estado de espírito.
Gravidade conta a trajetória dos astronautas Matt (George Clooney) e Ryan (Sandra Bullock) num aparente monótono dia de reparos do satélite Hubble. De repente o anúncio da base da Nasa na Terra diz que destroços de um satélite russo estarão passando no local que estão, e que eles devem abandonar o conserto imediatamente. A partir desse momento tem início uma sufocante luta pela sobrevivência, onde o principal vilão é o espaço e sua arma é a gravidade.
Apesar do pouco tempo para identificação com a história das personagens, logo de inicio já se nota os diferentes temperamentos dos astronautas: um brincalhão e calmo Clooney com uma séria e agoniada Bullock. Fica muito claro como o universo pode ser claustrofóbico dentro da roupa espacial – o limite entre o corpo e o universo está marcado pelo reflexo do capacete, aquela película protetora que nos deixa apaixonados ao ver a aurora boreal, mas que pode não ajudar em nada caso um corpo espacial passe a toda velocidade.
Os “erros” de Cuáron que a Física insiste em corrigir podem ser descartados, como a cena em que o cabelo de Bullock não flutua no vácuo, pois é tão lindamente atuada pela posição fetal da personagem em meio à gravidade, que é possível pensar na origem em que todos tiveram, desde a formação do universo até a formação da vida humana.
O medo e ansiedade permeiam toda a trama, sensações transmitidas por Bullock através da pesada respiração, mudando a concepção divertida que se tem do universo, pois ela está no obscuro, num local seguro, mas de vasto mistério. Quem não aguenta girar, ficará enjoado com os corpos no ar. Os “pulinhos” que aparecem em outros filmes, neste desaparecem, pois nos é mostrada a dificuldade real de se estabilizar num ambiente sem gravidade.
A precisão de Cuáron ao retratar o espaço é tão bem desenhada que parece que ele mesmo já fez viagens espaciais. Uma visão fascinante para os olhos e para o imaginário, pois é algo além da dimensão humana da vida. São esses minutos da beleza do espaço que nos possibilitam pensar nessa existência que pulsa no planeta Terra, e nessa vida em que ninguém nos responde às clássicas inquietações: “quem somos?”, “de onde viemos?”, “para onde vamos?”.
Gravidade
Quando? Em cartaz nos cinemas
Onde? Verifique sua cidade
Quanto? Preços variados (inteira e meia)
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