“Foi gravado num daqueles dias em que caia um temporal histórico. O estúdio estava transbordando de água e chuva. Cantávamos e tocávamos em cima de algumas caixas de cerveja e uísque que há muito já havíamos consumido. Estávamos com muita raça, mas também bastante bêbados. Poucos profissionais, até as namoradas, mulheres e amigos participaram da gravação.”
(Baden Powell em carta ao amigo Joel em 1 de novembro de 1990)
O que eu vou escrever depois de ler essa carta de Baden?!
Em 1966, Baden Powell e Vinícius de Moraes deram à luz o LP intitulado Os Afro Sambas. Lançado pelo selo Forma, trouxe ao mundo e as terras tupiniquins, o fruto da parceria gerada pela influência da cultura afro sobre as raízes sambistas da música popular brasileira, colocando em prática uma mistura de instrumentos do candomblé e da umbanda.
O que dizer sobre esse disco?
Tem um clima sombrio por trás de tudo, nada ali é mentira. Consigo sentir a verdade em tudo, o verdadeiro sentido do amor. O melhor backing vocal feminino que eu já ouvi na vida estão presentes nesse disco. O reverb da gravação ecoa na minha cabeça toda vez que escuto e sem falar no violão de Baden que parece uma banda de doze pessoas.
Pode ser tocado em qualquer lugar do mundo, é um disco espiritual e essencial nos rituais da vida. De fato, Os Afro Sambas tem um grande peso simbólico, tão ideológico quanto musical e poético.
“É onda que vai, é onda que vem. É a vida que vai, não volta ninguém.”
Firme no surdo moçada, papo firme.
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