Ali

 

Centro de Convenções, Miami, Florida, 25 de fevereiro de 1964. Após apanhar do então desafiante Cassius Clay por seis rounds, o favorito Sonny Liston desiste da luta, sagrando seu jovem adversário Campeão Mundial dos Pesos Pesados. Em meio à euforia do público e dos repórteres, o já convertido Muhammad Ali chama outro brilhante peso pesado para o ringue: seu amigo, The king of soul, Sam Cooke.

 

Sam and Ali

 

Os dois estavam no topo do mundo. Enquanto Ali era o homem a ser batido no boxe, Sam Cooke era o grande cantor negro da época, emplacando um sucesso atrás do outro. Alguns diziam que nele estava a junção de Nat King Cole e Sammy Davis Jr. Seu disco Live at the Copa estava no topo das paradas americanas. Sam brilhava.

 

 

Nascido no gospel, o cantor era a mistura perfeita do spiritual com o rock, o rhythm and blues, e o jazz, assim como seu contemporâneo Ray Charles. Mais do que uma voz poderosa, sua presença de palco hipnotizava o público, e seus sucessos eram cantados no país inteiro.

 

Sam Cooke

 

Mas havia uma reviravolta por vir no destino dos dois campeões. Por se recusar a lutar na guerra do Vietnã, Muhammad Ali perdeu seu cinturão, e foi proibido de atuar profissionalmente por cerca de 3 anos e meio. Antes ídolo nacional, Ali se via agora exilado em seu próprio país.

A sina de Sam seria ainda pior. Em dezembro de 1964, acompanhado de uma jovem recém conhecida e completamente bêbado, o cantor foi assassinado na porta de um motel em Los Angeles, pela própria dona do estabelecimento. A mulher alegou legítima defesa.

 

Sam

 

Em sua curta carreira, que durou de 1957 a 1964, Sam Cooke lançou 18 discos, onde estavam as obrigatórias You send Me, Nothing Can Change This Love, Twistin’ the Night Away, Chain Gang, e A Change is Gonna Come, que se tornou uma espécie de hino da luta dos negros norte-americanos por direitos civis.

 

 

Mas de nada serviria uma grande história se Sam Cooke não fosse o cantor que foi. Sam deve ser ouvido porque canta com a alma. Improvisa como quem brinca de fazer música, e agrada como quem sabe muito bem o que está fazendo. Seu carisma pode ser ouvido em cada nota, e sua mágica ainda vive em cada disco.

 

 

Live at the Harlem Square Club, o meu preferido, é o registro de um show de 1963, lançado postumamente em 1986. Ali, filme biográfico estrelado por Will Smith, começa ao som de Bring On Home To Me – faixa do disco – e nos leva direto para a noite em que o álbum foi gravado, onde Sam Cooke é muito bem interpretado pelo também cantor David Elliot.

 

 

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