Ele é artista visual, ilustrador, escultor, grafiteiro e arte-educador. Estamos falando de Denissena que nos contou um pouco do seu trabalho, como é fazer arte em uma das cidades brasileiras mais ricas em termos de arte e cultura e o que é ser um operário cultural.
Salve Denissena! O que é ser um operário cultural?
Resistente. Guerreiro artista que enquanto o mundo está explodindo, acredita na arte como meio de expressão, comunicação e transformação social.
Como foi o seu primeiro contato com o mundo das artes?
Tudo começou quando eu tinha 7 anos de idade, morava no subúrbio ferroviário da cidade Salvador, comunidade Coutos. Um certo dia meu pai pediu para que eu desenhasse a minha querida mãe e desenhei com sentimentos. Com certeza fiz no estilo garatuja (nome dado aos rabiscos infantis) e na técnica lápis comum. A partir daí se perpetuou e nasceu-se a minha missão.
Como é fazer arte na Bahia?
Transpiro arte o tempo inteiro, mas nunca foi fácil levar adiante esse projeto de vida. Sei o quanto luto e reconheço a realidade de quem vive de arte, por isso a humildade vai comigo, onde quer que eu leve meu trabalho. Salvador é uma cidade que está crescendo bastante. Existem projetos promovido por política públicas e privadas na área de arte e cultura, mas a menor fatia do bolo são para os artistas visuais. Ainda é evidente o analfabetismo visual em nosso país.
Comente um pouco sobre suas principais influências e como elas estão aplicadas em seu trabalho.
Na minha arte, posso representar a minha fé, identidade e resgatar as culturas afro-brasileira, indígena e outras importantes manifestações culturais do Brasil. Não podemos deixar morrer as nossas raízes. Expresso todas as minhas influências através das linguagens do desenho, arte digital, fotografias, esculturas, instalações e graffiti, que hoje estão nas galerias, museus, escolas, restaurantes, Casa Cor e principalmente as ruas onde há diversos suportes para intervenções urbanas, uma grande forma de democratizar a arte. Muitas das minhas produções serviram como ilustrações de livros, revistas, capas de cd/dvd, cenários e outras inusitadas ações em que a arte pode proporcionar.
E para finalizar, o que a sua arte representa para você?
Na contemporaneidade, é importante expressar o que sentimos e acreditamos. A minha arte é um meio de expressão, comunicação, sentimentos, diálogo, questionamento e confronto diário através da arte-educação. Ela me escolheu. Tenho necessidades de dialogar com a plástica contemporânea para que as pessoas, possam perceber o quanto imagem é leitura, expressão e conhecimento. Despertar o intelecto, principalmente da juventude que está morrendo todos os dias. São 16 anos que me dedico a plasticidade contemporânea e costumo dizer que, a arte é alimento espiritual. É uma arma política e podemos nos transformar através dela. A arte é uma grande mãe pelo poder de gerar, multiplicar e contemplar a vida.
No dia 19 de abril vai rolar a abertura da Mostra Indígena-afro-brasil com trabalhos de Denissena. Quem se interessou e estiver por perto, compareça!
Maiores informações: Denissena
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