Tenho grande apreço por obras que abordam o cotidiano em manicômios. Isso porque, mais do que admiração pela sensibilidade das obras, encontro nelas identificação. É interessante como o voo para outras realidades libertam e expandem nossa limitada percepção. No caso, sobre o que é sanidade.
One Flew Over the Cuckoo’s Nest ou Um estranho no ninho estreou em 1975, e é uma adaptação da obra do escritor Ken Kessey. Randle Patrick McMurphy é o personagem principal, interpretado por ninguém menos que Jack Nicholson, ainda relativamente no começo de sua carreira (a fase preferida de muita gente).
Randle é um malandro que resolve atestar insanidade mental para fugir da vida penitenciária, sendo transferido para o suposto conforto do ninho dos “Cuckoos”. A surpresa de Randle é descobrir que a vida em um hospital psiquiátrico não é lá um mar de rosas, ainda mais com a presença da amargurada enfermeira Mildred Ratched, interpretada por Louise Fletcher.
O que mais me chama atenção no decorrer da obra é a facilidade que encontro para me identificar com os problemas dos personagens internados. Até que ponto nos observamos antes de decretar a insanidade do outro? O que nos dá certeza sobre a nossa própria sanidade, quando questionamos as formas com as quais lidamos com a realidade da vida?
O filme venceu, no Oscar de 1976 , as categorias de Melhor Filme, Melhor Ator (Jack Nicholson), Melhor Atriz (Louise Fletcher), Melhor Diretor (Milos Forman) e Melhor Roteiro Adaptado. Pouco? No Globo de Ouro do mesmo ano e no BAFTA de 1977, do Reino Unido, venceu em 6 categorias, além de outras diversas premiações e indicações em festivais conceituados de cinema.
Uma série de curiosidades rondam a psique humana. Talvez por isso, seja incansável a paixão pelo assunto. Se até então, estes questionamentos não eram presentes em sua vida, a partir deste filme podem vir a ser. O mais importante é que antes de apreciá-lo, como toda obra de arte, você deve estar aberto à catarse proporcionada.
A seguir, faço minha deixa final com uma citação do livro original de Ken Kesey, palavras autoexplicativas:
“Nunca antes, havia pensado que doença mental poderia ter o aspecto de poder. Pense um pouco: talvez, quão mais insano um homem é, mais poderoso poderá se tornar. Hitler é um exemplo. Honestidade faz o velho cérebro cambalear, não é mesmo?” ― Ken Kesey, One Flew Over the Cuckoo’s Nest.
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