Com curadoria de Felipe Chaimovich, exposição reúne obras simbólicas do acervo pessoal do artista Antonio Dias
Paraibano de Campina Grande, Dias aprendeu técnicas de desenho com seu avô paterno. No final da década 1950, trocou sua cidade natal para viver no Rio de Janeiro e lá trabalhou como artista gráfico. Em 1964, na Escola Nacional das Belas Artes, foi aluno do artista Oswaldo Goeldi (1895-1961), quem lhe ensinou os processos da gravura. Ainda que ao passar dos anos tenha se afastado das composições figurativas com fundo negro, características explícitas nas obras de Goeldi, o artista conservou consigo os trabalhos de seu período de formação.
Entre experimentações, Antonio Dias solidificou sua pesquisa estética na década de 1960, quando decidiu explorar novos meios e suportes para atingir a corporalidade anunciada nos seus primeiros trabalhos. Como muitos artistas de sua geração, tocados pela efervescência política e cultural desses anos, encarnou uma resistência não apenas à opressão política, mas também às tradições de pintura da época. São obras que, permeadas por elementos do Neofigurativismo e da Pop Art, lhe renderam o rótulo de representante da Nova Figuração brasileira e o conduziram à IV Bienal de Paris (1965). Sua prática, no entanto, estabelece um diálogo com a Nova Objetividade Brasileira e com o impulso revolucionário da Tropicália.
Discussões políticas são traços marcante nas obras de Antonio Dias, a exemplo dos trabalhos gráficos, produzidos entre 1964 e 1968. Tomado pela urgência de se opor à Ditadura Militar, o artista participou da coletiva Opinião 65, icônica mostra organizada em 1965, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, pela jornalista Ceres Franco e pelo galerista Jean Boghici, que estabelecia contraponto entre a produção nacional e estrangeira a partir de pesquisas recentes em torno das novas figurações.
Uma rede cultural foi se desenvolvendo naquele momento e culminou na exposição Nova Objetividade Brasileira, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, em 1967. A mostra foi um encontro da vanguarda artística do país e trouxe novos paradigmas para as artes visuais. Entre os marcos do período estão a superação do quadro de cavalete, um maior posicionamento sociopolítico nas obras, a participação do espectador e uma tendência para iniciativas coletivas. “Dias teria sido o responsável por introduzir, nessas investigações da vanguarda, uma agenda de questões éticas, sociais e políticas que conduziram toda uma geração a se reposicionar em função da realidade de seu tempo e lugar”, afirma Chaimovich.
Nos anos 1970, Antonio Dias mudou-se para Milão, após negar-se à figuração que presenciou em Paris. Na cidade italiana, se aproximou de expoentes da chamada arte povera (arte pobre, em português) e do conceitualismo europeu. Os traços dessas vanguardas registravam mudanças em seus trabalhos. Logo, as imagens viscerais foram substituídas por obras rígidas, quase sempre em preto e branco, que intensificavam seu carácter enigmático. Sem abrir mão das relações entre linguagem e imagem, o artista reafirmava o desejo de trabalhar com a materialidade, que dá o nome de “corpo da pintura”.
Em Antonio Dias: derrotas e vitórias, as pinturas, desenhos, instalações e filmes apresentados revelam, também, temas existenciais recorrentes na pesquisa do artista e conferem o caráter testemunhal à sua obra. “Portanto, a coleção que ele formou de si mesmo é uma síntese única, tanto pelo percurso que organiza ao longo das várias fases, como pela declaração dos valores éticos norteadores de sua arte”, conclui o curador.
Sobre o MAM São Paulo
O Museu mantém uma ampla grade de atividades que inclui cursos, seminários, palestras, performances, espetáculos musicais, sessões de vídeo e práticas artísticas. O conteúdo das exposições e das atividades é acessível a todos os públicos por meio de áudio-guias, vídeo-guias e tradução para a língua brasileira de sinais. O acervo de livros, periódicos, documentos e material audiovisual é formado por 65 mil títulos. O intercâmbio com bibliotecas de museus de vários países mantém o acervo vivo.
Localizado no Parque Ibirapuera, a mais importante área verde de São Paulo, o edifício do MAM foi adaptado por Lina Bo Bardi e conta, além das salas de exposição, com ateliê, biblioteca, auditório, restaurante e uma loja onde os visitantes encontram produtos de design, livros de arte e uma linha de objetos com a marca MAM. Os espaços do Museu se integram visualmente ao Jardim de Esculturas, projetado por Roberto Burle Marx para abrigar obras da coleção. Todas as dependências são acessíveis a visitantes com necessidades especiais.
Sobre o Credit Suisse
O Credit Suisse tem o orgulho de manter há 15 anos a parceria com o Museu de Arte Moderna de São Paulo e, assim, ajudar a promover algumas das principais exposições e talentos brasileiros.
Serviço
Antonio Dias: derrotas e vitórias
Curadoria: Eder Chiodetto
Visitação: de 13 de outubro de 2020 a 21 de março de 2021
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque Ibirapuera (av. Pedro Álvares Cabral, s/nº – Portões 1 e 3)
Horários: terça à domingo, das 12h às 18h (última entrada às 17h30)
Gratuidade para menores de 10 e maiores de 60 anos, pessoas com deficiência, membros do ICOM, AICA e ABCA com identificação, agentes ambientais, da CET, GCM, PM, Metrô e funcionários da linha amarela do Metrô, CPTM, Polícia Civil, cobradores e motoristas de ônibus, motoristas de ônibus fretados, funcionários da SPTuris, vendedores ambulantes do Parque Ibirapuera, frentistas e taxistas com identificação e até quatro acompanhantes
Os ingressos disponibilizados online clicando aqui.
[popup_anything id="11217"]