Um verdadeiro baile onde pessoas violentam quadris em pés-no-chão e cantam alegremente como nas apoteoses carnavalescas do início do século passado. Assim são os shows da grandiosa Orquestra Imperial.

Com meus poucos anos vividos, não dancei nos bailes da década de 20 e 30, tampouco cantei marchinhas assisvalentianas e chiquinha-gonzaguianas (àquela época, é claro), mas ainda assim pude sentir as tamancas ensandecidas.  --DSCF1211

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Em 10 anos de bailes, a Orquestra Imperial lançou, no ano de 2012, seu segundo álbum, Fazendo as pazes com o swing, onde homenageia Nelson Jacobina, que deixou a Terra em maio passado, logo após as gravações deste disco terminarem. Nelson Jacobina era apenas um dos integrantes dessa big band. Nela, há um encontro de gerações, um encontro entre mestres feitos e mestres em formação. Para citar alguns nomes: Rubinho Jacobina, filho de Nelson, os multi instrumentistas Domenico Lancellotti e Pedro Sá, o produtor musical Kassin, a cantora e atriz Thalma de Freitas (que não se fez presente na apresentação), a cantora Nina Becker, os cantores-músicos-compositores Rodrigo Amarante e Moreno Veloso, tantos outros, e o grande mestre, o senhor Wilson das Neves.

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Com essa grande confraria de músicos repletos de garbo, o mínimo que se poderia esperar do show era uma qualidade estonteante e foi o que ouvimos e dançamos. O show se inicia. Uma canção instrumental abre alas para, de pouco em pouco, os músicos tomarem seus lugares e o baile começar. Quando nos damos conta, ele já está a todo vapor. Entram os convidados: Emanuelle Araújo e Emicida. Então, começam as canções desse show que marca o lançamento do disco que já citei. Moléculas, Tamancas do Careterê, Velha Estória, A saudade é o que me consola são algumas das músicas que o álbum traz. É claro, vimos canções de disco anterior, Carnaval, só no ano que vem (2007) e, como em um bom show de música brasileira, clássicos do nosso DNA cognitivo nacional com canções de Noel Rosa, Geraldo Pereira e Tim Maia. Contudo, não bastasse a alegria contagiante dos ensandecidos dançantes, Cair na Folia veio para arrebentar de maneira estoica. O que se via na Choperia do Sesc Pompéia era uma verdadeira festa de carnaval, onde pessoas caiam na folia, despudorando e depurando qualquer sentimento ressabiado.

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No entanto, um dos momentos mais significativos para este pequeno escritor foi quando o grande, como já disse, Wilson das Neves tomou o microfone em suas mãos e cantarolou O samba é meu dom, música de sua autoria. Wilson das Neves é, indiscutivelmente, uma das maiores figuras da música brasileira ainda viva. Um gênio em forma de senhor que usa boné hermeticamente combinado com o tom de sua camisa. Além do microfone nas mãos, o maior baterista que o Brasil já carregou teve as baquetas e a bateria sob seu poder. É quando o sentimento de nostalgia não vivida nasce.

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O show da Orquestra Imperial vem para acalentar esse sentimento de coisa não vivida, mas querida. Vem para reavivar aqueles bons bailes que já não existem mais. Vem para trazer uma alegria excelsa que impregna-nos por dias. Vem para nos fazer suar e, ainda assim, ficarmos felizes.

Fotos: Victor Bauab

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