Defina alegria, defina seus defeitos, defina um dia de verão, defina sua família, defina o que tem no seu coração.

Agora, defina você mesmo, suas qualidades e defina tristeza. Sabe fazer? De quanto tempo precisa pra saber quem você é, e não o que te faz ficar triste, mas o que é exatamente estar/ficar triste. Será que é só ruim? Será que o sentido da felicidade não está na tristeza? Será que toda situação muito boa só é sentida de verdade e com prazer, porque já conhecemos o oposto dela? Será que o medo da tristeza não te impede de viver?

Apresento-lhes agora um dos projetos mais incríveis que vocês já viram até hoje.

Tudo começa com o curta-metragem idealizado e produzido pelo Coletivo Centro, que conta a história de Thomás Tristonho, um menino de 16 anos que acredita que tem o poder de tornar triste tudo e todos que ele colocar a mão. Em um certo momento, ainda quando era criança, um senhor lhe entrega um par de luvas e diz que agora todos os problemas de Thomás estariam resolvidos.

A partir daí, o menino passa seus dias acreditando que não tornaria mais nada triste, porém, convive e emana sua própria tristeza em um medo de viver percebido nos olhos, nas lindas atuações de Guilherme Seta (criança) e Thomas Huszar (jovem). Todo esse medo gera questões tanto para o menino no filme, quanto para nós na vida real, que enfrentamos indecisões e receios todos os dias.

Não contentes em produzir o filme, os idealizadores do projeto foram além e produziram uma série de mini documentários intitulada O que é Tristeza Pra Você. Em cada mini doc, artistas relatam o que afinal é a tristeza para eles. De onde vem? Por que vem? Em quais situações sentiram aquelas pontadas que a gente não sabe bem o que é, mas sabe bem o que sente? Entre todos eles, um me chamou imensa atenção. O doc produzido com o poeta, performer e bottom-maker Hélio Leites, que destaca o desemprego como fator crucial para a tristeza de muitos pelo mundo. Hélio diz que “o pior desemprego do mundo é fazer o que não gosta”. Se precisamos nos encontrar, tudo o que precisamos está dentro de nós mesmos, porque “a tristeza em um certo sentido até que é boa, ela faz você ver outras coisas que a alegria não deixa ver“.

Assistam e entendam de quanto carisma estamos falando:

E pra quem já estava achando que parou por aí e que o post já está longo demais, não, não acabou. Isso porque eu disse que seria um dos projetos mais incríveis que vocês já conheceram.

O Coletivo também já se deslocou e continua se deslocando para levar a Experiência Tristonho para dentro de escolas e eventos em praças públicas. Outro projeto incrível que apresenta o curta e os mini documentários no final, mas antes passa por um processo lindo de estímulo à criatividade e desenvolvimento de trabalho coletivo para crianças e jovens. Basicamente um Think Outside the Box para a nova geração.

Desde cedo aprendemos nas escolas a limitarmos nossos pensamentos a tudo o que é óbvio. O céu é azul, o sol é amarelo, a grama é verde e os sonhos acontecem quando dormimos. Isso tudo é bem fácil de saber, mas criar algo que ninguém imaginou, estimular a arte, os contos, a escrita, o mundo de viajar nos sonhos mesmo acordado, esse é o desafio. E é exatamente o que fazem quando entregam para crianças um livro literalmente sem palavras, e começam o processo que chamam de Contação Invertida de Histórias.

As crianças devem imaginar, escrever e contar a história do Thomás Tristonho baseando-se apenas nas imagens do livro e questionando-se, afinal, por que tudo o que o Thomás toca fica triste? Imaginem quanta coisa boa pode sair dessas mentes puras com essa simples pergunta! Tudo se torna menos uma propagação da vida ideal, padronizada e eternamente feliz, e mais de questionamentos reais, críticas construtivas e aceitação de cada pessoa e cada sentimento como algo essencial para o VIVER verdadeiro.

Thomás

Nessa experiência busca-se criar um ambiente que respeite aos anseios de cada estudante sem o condicionamento de que o “educador“ necessite ensinar, mas que simplesmente conduza a discussão e estimule o viver e o criar coletivo. Um meio em que o “educador“ escuta e lhes dá espaço para desenvolverem ideias particulares.

Por fim, deixo todos os links para que conheçam mais de toda essa bagagem incrivelmente rica que felizmente o Coletivo Centro decidiu criar. Apreciem!

Projeto Curta Metragemhttp://www.thomastristonho.com.br/

Projeto O que é Tristeza Pra Vocêhttp://oqueetristezapravoce.com.br/

Apresentação da Experiência Tristonhohttp://www.coletivocentro.com/?portfolio=experiencia-tristonho

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