O título desse artigo pode sugerir certa polêmica, mas ao decorrer da leitura veremos que é mais do que isso. Na realidade, o texto nos convida à reflexão sobre o tema e a questionar os interesses por trás desse pensamento retrógrado chamado machismo. Afinal, todos nós sabemos que atos machistas não são exclusividade dos homens. Porém sim, as mulheres são as maiores vítimas, entretanto, essa cultura oprime toda uma sociedade, vejamos…
Quando falamos que o machismo não é um comportamento exclusivo aos homens, consideramos todas as vítimas de uma cultura patriarcal, que transforma gêneros em hierarquias, assim diminui uma sociedade e faz dela refém geração a geração. Queremos aqui destacar a nossa cultura machista!
Não para relativizar ou tornar abrangente por assim simplista, pelo contrário, a ideia é percebemos quão estamos inseridos e como identificar que embaixo desse guarda chuva, onde torna homens, mulheres, filmes e músicas, falas e comportamentos, enfim, transforma como naturalizado tal entendimento, faz com que seja sútil e muitas vezes velado o machismo entre nós.
Do mesmo modo, queremos salientar que o feminismo não é uma bandeira erguida apenas das mulheres por seus direitos. E mais ainda, não é o contrário de machismo, como muitos insistem em acreditar. Feminismo não é ódio aos homens, mas sim, trata-se de uma luta por igualdade entre homens e mulheres.
E isso interessa toda uma sociedade minimamente coesa, onde se percebe que essa dicotomia é prejudicial em todos os aspectos, em todas as relações, seja na economia, nas evoluções variadas, entre os gêneros principalmente, enfim, na vida como um todo.
A quem interessa o machismo?
A cultura patriarcal atinge indiscutivelmente as mulheres, fazendo delas as vítimas mais evidente, porém, tão indiscutível é também como retém a sexualidade no padrão normativo, como diminui e humilha os gays, as lésbicas, como define papéis e responsabilidades para os gêneros.
Obviamente não estamos comparando dores, nem nivelando os potenciais das opressões. As maiores vítimas do machismo sempre serão as mulheres e vale ressalva sim. Mas, talvez esteja na hora de entendermos que a vida de todo mundo seria melhor sem essa opressão estrutural, onde também, por exemplo, entende-se que homens são a sustentação financeira da sociedade, dos lares e, tal papel definido, faz com que pais de família ao ficarem desempregados, cometam suicídios, caiam em depressão (que por sinal, depressão em homem é visto como “frescura”), o impacto aos homens do desemprego, pela ótica e estrutura patriarcal, é muito maior.
Homem não chora!
Esse visão naturaliza e cria o mito da virilidade masculina, homem não chora e não falha em seu desempenho sexual. O cavalheirismo também é um machismo velado, a “ajuda” sem pedir ajuda, a obrigação que o homem tem “por ser o chefe da casa ou o homem da relação”. Homem não pode abrir mão da carreira profissional para cuidar dos filhos.
Quando falamos em afazeres domésticos, lembramos em dividir a faxina, pois naturalmente (e erroneamente) é associado a mulher, mas esquecemos que zeladoria, consertos e reparos também é função doméstica, contudo é natural que o homem troque o pneu, arrume o cano quebrado na parede, troque o chuveiro ou pinte a casa…
A estrutura patriarcal também determina a altura que o homem deve ter e reprime também aqueles que querem romper com tal estrutura. Cuidar da saúde também se torna algo demonizado ao universo masculino diante dessa cultura (haja visto alguns exames como de próstata e todo o tabu criado). O machismo pode não matar homens diretamente, como faz com as mulheres.
Porém, condena, julga e mata de forma sútil. Infelizmente, o machismo ataca cruelmente as mulheres, todavia, de forma perversa também atinge os homens. Não não os agridem, não os violenta e abusam sexualmente (isso levando em consideração a opção sexual, pois se for fora do padrão normativo, esse homem também sofrerá dos mesmos agravos). O patriarcado mata, sim, todos nós, dia a dia, um pouco da liberdade, da masculinidade, tornando tóxica e frágil.
Seja uma violência noticiada ou não, seja uma violência doméstica e psicológica grande e evidente ou pequena e sutil, somos todos vítimas do mesmo machismo. E a luta contra ele deve ser clara, senão é questão de divã a ser tratada em análise. Nossa luta deve ser pra não termos gêneros protagonistas, ou seja, criar essa falsa ideia de hierarquia e segregação por gênero.
Pelo contrário, devemos entender que todos nós acreditamos em igualdade e não queremos seguir numa estrutura excludente, onde homens e mulheres possam ser iguais livremente.
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