Passamos uma tarde com o pessoal do Mato Seco para a websérie autoral da SOUL ART “Papo de Visão”, conversando sobre o grupo e sua visão da sociedade
A tarde de domingo no estúdio do Mato Seco junta a reunião de família com ensaios do grupo. Passando um dia com a banda temos uma dimensão real do que costumamos ouvir sobre a “família Mato Seco”: há crianças brincando, companheiras conversando, tudo numa parte da casa que foi transformada em estúdio.
A nossa conversa girou em torno da forma como o Mato Seco enxerga a situação atual que vivemos, falando sobre racismo, discriminação, criminalidade e religiosidade. Também falamos da importância do reggae e como o estilo se destaca na prática de levar mensagens de união e amor num momento tão atípico.
Confira a entrevista!
Música e resistência
Para o Mato Seco, a principal forma de lutar contra o machismo, o racismo, a exclusão e todas as mazelas que a nossa sociedade está vivendo é com amor e fé. A mensagem presente nas músicas faz parte do discurso ideológico da banda, que acredita que só venceremos o ódio com amor.
“São as forças malignas de verdade que empurram a gente para baixo. É importante falar o que potencializa as mazelas do nosso povo, mas já tem muita gente falando de problema, nós precisamos buscar uma solução. Para nós a maior solução contra o ódio é o amor”, Rodrigo Piccolo.
A ideia do Mato Seco não é deixar de falar sobre esses problemas. Muito pelo contrário. A ideia é não combater a loucura com a intolerância. Com uma luta baseada em espalhar uma mensagem de união.
Na opinião do grupo, nossos altos índices de depressão e ansiedade são baseados na dor, na falta do amor. A gratidão pura, vinda direto do coração, faz com que nós possamos emanar o que é bom e deixar pra trás o que é ruim. “Não espera nada de fora não, tá tudo aqui dentro”, completa Tiago Rezende, percussionista do Mato Seco.
Origem do Mato Seco
Em meados de 1998, os integrantes da banda estavam envolvidos com o movimento reggae da região do ABC, mas neste momento como fã. Após uma viagem feita ao cerrado brasileiro pelo Marcos Lacerda, guitarrista da formação original, e conhecer o pessoal do Jah Live, surgiu a ideia de formar uma banda.
Segundo Eric de Oliveira, “não tínhamos noção e nem proporção do tamanho que a música teria nas nossas vidas”. Desde 2002 a formação é a mesma, totalizando 19 anos de estrada.
Mato Seco durante a pandemia
Para a banda, a pandemia trouxe oportunidades que a vida na estrada não permitia, como prestar mais atenção na família e na criação de coisas novas. O isolamento veio após uma viagem feita pela Europa, em que o grupo se apresentou em diversas cidades diferentes.
“Se viver de música já é difícil, se viver do reggae é difícil, ainda mais reggae roots raiz mesmo, é muito mais difícil. Na pandemia, estamos aí resistindo e fortalecendo o reggae e a música do jeito que tem que ser: forte!”, comenta João Paz.
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