Coletânea de música angolana de alta qualidade lançada em 2011 pela Lusafrica.
São dois discos com vários artistas que tocaram entre 1965 e 1975: Luiz Visconde, Os Kiezos, Artur Nunes, Urbano De Castro, Oscar Neves, Tony De Fumo, Jovens Do Prendo, Paulo 9, entre outros.
Alguns dos gêneros presentes na bolacha são o kizomba e semba.
O que isso?
Kizomba: significa festa do povo, tendo o nome origem nas danças dos negros que resistiram à escravidão. Marcado por uma batida forte em ritmo 4/4, dado por um tambor grave como o surdo, acompanhado por uma melodia dada por um prato de choque.
Semba: é caracterizada por movimentos que implicam o encontro do corpo do homem com o da mulher. Processo complexo de fusão e transposição, sobretudo da guitarra.
Este disco duplo apresenta muitas bandas ativas no período da preparação para a independência, ou seja, início dos anos 70. Antes o país girou em anarquia, e ainda havia algumas instalações de gravação. É uma mina de ouro. O som angolano é realmente muito distinto e pode ser reconhecido por aquelas percussões frenéticas, baixo bombeando e guitarras gagueira. Muito influenciado pelo rumba os angolanos acrescentaram seus próprios instrumentos como o reco-reco, que dá para as músicas um sabor angolano em particular.
Pra mim um dos melhores discos para retratar a história musical dessa nação.
A capa mostra realmente o modo como tudo foi feito nesse disco, tudo muito artesanal, ao vivo e sem frescura. É impressionante quando o simples vira perfeição, não precisa ser complexo nem ser algo totalmente planejado, mas sim, ser feito com o coração e a vontade de lutar pela própria música dentro de si. Vejo isso nesse disco, as condições de gravação não deveria ser tão boas assim. Escuto apenas ações de pessoas que quiseram fazer algo diferente pelo país, independente das condições.
Como diria meu amigo Alejandro Jodorosky, a perfeição nem sempre é perfeita meu irmão.
Quando escutarem a pérola, irão perceber que algumas músicas são cantadas em português com sotaque angolano, genial. Espero que aproveitam como eu aproveitei esse disco, escuto todos dias já faz uns 2 anos. Transcende a ideia de música, transcede o que eu chamo de criação, transcende a vida.
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