“Lábios como a rosa, cabelos como o ébano, pele branca como a neve” é mais do que necessário para descrever uma das princesas mais belas, ou melhor, a mais bela dos últimos tempos no cinema. Muitas versões foram cinematografadas do conto homônimo dos Irmãos Grimm. Branca de Neve (1812-1822) já foi encenada, filmada, animada e poetizada. Muitas versões, cada uma apresentando uma variante de Branca: temos aquela princesa meiguinha do clássico Branca de Neve e os Sete anões (1937), da Disney, a corajosa e divertida Branca de Espelho, espelho meu (2012), de Tarsem Singh, e talvez a menos popular e fugitiva em Branca de Neve e o Caçador (2012), de Rupert Sanders.
Branca de Neve está impregnada no imaginário popular e, assim, sua figura não se esgota, por mais vezes que seus filmes sejam exibidos ou cresça o número de produtos vendidos no mercado que remetem a essa personagem. A Branca de Neve dos Grimm se modificou conforme a demanda de seu público, e por isso esse conto se reconstrói a cada versão adaptada, embora sua essência permaneça. A última versão de Branca, e quem sabe a mais bela e mais inovadora, é a do filme Blancanieves (2012), do diretor espanhol Pablo Berger. Totalmente diferente dos últimos filmes da princesa, este mostra uma atmosfera gótica em meio ao flamenco.
A novidade não é que o filme foi filmado em preto e branco ou é mudo. Nessa nova versão, Branca além de heroína da história é toureira e dança flamenco. Uma personagem em que o hibridismo foi chocante. Esqueça a princesa medrosa e indefesa, pois coragem e ousadia é o que não falta na personagem incorporada por Macarena Gárcia. Todos os elementos estão presentes: apesar do p&b, é impossível não se apaixonar pelos lábios carnudos e vermelhos de Branca e não ficar hipnotizado por seus olhos de jabuticaba tão vivos. Ela emana encanto em cada cena, seja na tourada ou na dança.
Conto de fadas sem a madrasta má, não é conto de fadas. O problema é que na versão de Berger, a madrasta má é Maribel Verdú, que também é tão linda e ousada que fica difícil não se cativar pela personagem. Os anões não poderiam faltar, eles são uma trupe circense de palhaços de tourada que impulsionam a carreira de Branca, que é a filha renegada do famoso ex-toureiro Antonio Villalta (Daniel Giménez Cacho).
O filme todo é uma delicadeza de cenas, a fotografia é bem feita e provoca a curiosidade do expectador em olhar com mais atenção cada detalhe. Uma versão gótica desse clássico da história oral, agora ganha um toque mais caliente e ousado em cada passo de flamenco e retira olés e suspiros de quem vê Branca. Não falta nada, aqueles que se esqueceram da maçã, não se iludam, pois a vermelha e miraculosa também aparece, assim como o príncipe, é claro, pois conto de fadas sem beijo perderia todo seu encanto.
Quando? Em cartaz e também disponível em locadora e internet
Onde? Em São Paulo: Reserva Cultural
Quanto? Preços variados (inteira e meia)
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