“Boa noite a todos. Espero que vocês tenham uma noite surrealista” disse Thiago Pethit após cantar as duas primeiras faixas, Blue Velvet e Love Letters – ambas da trilha sonora do filme Veludo Azul, de David Lynch.
E a noite de 22 de agosto no SESC Vila Mariana, em São Paulo, foi toda em homenagem a esse cineasta. Um show inédito com uma hora de duração em que Pethit cantou trilhas sonoras dos filmes do diretor norte-americano. Uma boa pedida aos fãs ávidos por novidades desde que o cantor lançou seu último álbum, Estrela Decadente, em 2012.
David Lynch é conhecido por suas obras surrealistas, com personagens transgressores, como a série televisiva Twin Peaks e os filmes Wild at Heart, Mulholland Drive, Blue Velvet, Inland Empire e Lost Highway. Todos com músicas cantadas nesse show, acompanhadas por iluminação e cenário para dar o clima “Lynchiano”.
O músico e sua No Hay Banda vestiam roupa de gala que remetia aos bailinhos estadunidenses dos anos 50. Interpretaram, entre outras músicas, Love me Tender, famosa na voz de Elvis Presley; Wicked Game, de Chris Isaak; Insensatez, de Vinícius de Moraes e Tom Jobim; e Crying, cantada por Roy Orbison em Mulholland Drive.
Mas o ponto alto foi quando Thiago Pethit entrou num território que conhece bem e cantou I Put a Spell on You, rock’n’roll composto por Screamin’ Jay Hawkins. Seu refrão berrado dizia “I put a spell on you because you`re mine” (eu coloquei um feitiço em você porque você é meu), e o público mal conseguiu se conter nas cadeiras do SESC. A essa altura a peruca channel loira da tecladista Camila Lordy já dava lugar a seus longos cabelos escuros enquanto dançava enfeitiçada, Leo Rosa se levantou para bater seu tambor com força e a guitarra de Pedro Penna gemia alto.
Excitado com o rock, no bis o público grudou no palco para sentir o mundo de Lynch e dançar com seus personagens subversivos, por hora representados pela plateia do SESC, formada por pessoas como uma senhora bem vestida que pulava e mordia os lábios ou como o vocalista da banda UÓ, Mateus Carrilho.
A música escolhida para o encerramento foi Devil in Me, do álbum Estrela Decadente, perfeita para ilustrar este mundo de sonho e estranhamento. “If I sell my soul to the devil I’m the devil, got the devil in me” (se eu vender minha alma ao diabo eu sou o diabo, tenho o diabo em mim).
Foto: Alexandre Eça
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