É, São Paulo! Mesmo com essas pancadas com que você costuma nos acordar todos os dias a gente continua te amando. Amando cada baforada de fumaça, cada muro cinza e cada sarjeta em que você nos joga sempre quando quer dizer pra gente que, pra viver com você, tem que te amar assim como você é.
A verdade mesmo é que a gente reclama de barriga cheia, porque quando a gente presta atenção em suas paredes, que insistem em em nos cercar, o que nós vemos é o reflexo de nós mesmos expressado em riscos, formas e marcas, como sentimentos tatuados por grafiteiros e pichadores que registram tudo o que você já testemunhou e tudo o que você ainda testemunhará.
Por que é tão difícil pra gente enxergar toda essa sua poesia, assim, escancarada em nossa cara, cheia de cores? Por que é tão difícil pra gente enxergar além dessas cores, enxergar o que elas querem nos dizer, além de deixar suas ruas mais belas?
Talvez a gente até enxergue, talvez sejam essas cores que não nos deixam te abandonar, mesmo com essa vida difícil de se levar em uma cidade enlouquecida. Mas o que a gente devia mesmo era deixar de lado esse papo velho de cidade cinza.
Olha só pra você! Com tantos sentimentos, tantas culturas, tantas lutas e povos que abriga, quem é que teve uma ideia tão incoerente de te chamar assim?
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