“Quem tem medo da morte também tem medo da vida”. Estas palavras, faladas por Clarck Gable no filme Os desajustados, 1960, de John Huston, formam uma das muitas frases poderosas ditas ao longo de 118 anos de história do cinema.

Separei algumas das minhas frases preferidas para dividir com você, caríssimo leitor. Como na obra-prima O Poderoso Chefão II, 1974, dirigido por Francis Ford Coppola, quando escutamos: “Mantenha seus amigos por perto e os seus inimigos mais perto ainda”.

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Em O Leopardo, 1963, de Luchino Visconti, o personagem de Burt Lancaster, o príncipe Salinas, dá uma lição de como funciona o poder ao cravar:  “As coisas precisam mudar para continuarem como são”. Assim é a política. Como diriam os franceses: “C’est toute la meme chose”. É tudo a mesma coisa. Já escreveu Gabriel García Márquez que: “a única diferença entre liberais e conservadores é que os liberais vão à missa das cinco e os conservadores à das oito”.

Casablanca, 1942, de Michael Curtiz, eternizou a famosa: “Nós sempre teremos Paris. Foi a forma do personagem de Humphrey Bogart dizer a Ilsa Lund, vivida por Ingrid Bergman, que era impossível que eles ficassem juntos. Que o amor deles estava condenado a viver na distância. Mas que as lembranças dos dias de paixão em Paris seriam eternas. Woody Allen brincou com a frase, e a usou em Manhattan, 1979, para explicar o fim de seu namoro com a personagem de Mariel Hemingway.

Em Amélie Poulain, 2001, de Jean-Pierre Jeunet, a personagem de Audrey Tautou diz: “você nem legume é, porque até as alcachofras têm coração”. E em outro momento, escuta:”São tempos difíceis para sonhadores”.

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Na série Guerra nas estrelas, de George Lucas, escutamos diversas vezes: “que a força esteja com você”.

A apresentação mais famosa da história do cinema é simples: “Meu nome é Bond, James Bond”. O que seria de 007 sem este cartão de visitas sonoro?

O brazuca Tropa de elite, 2007, dirigido brilhantemente por José Padilha, fez virar expressão popular o “pede pra sair!” e “põe na conta do Papa.”

Em Sonhando acordado, 2005, de Michel Gondry, o personagem de Gael García Bernal fala: “Esta noite, vamos estudar como fabricamos sonhos. A maioria das pessoas pensa que é simples e fácil mas é um pouco mais complicado. A chave é uma delicada combinação de ingredientes. Primeiro, uma boa colherada de pensamentos profundos. Depois acrescentamos uma pitada de reminiscências do dia, com um pouco de lembranças do passado. Amor, sentimentos, afeiçoamentos e outros ‘mentos’, junto com algumas músicas ouvidas na véspera, coisas que viu e um toque de coisas pessoais”.

A beleza que causa reflexão profunda. É isso que produz o texto do filme Satyricon, 1969, de Frederico Fellini: “Se eu fosse rico deixaria uma propriedade ou um navio para você. Mas só posso deixar como herança o que tive: as montanhas, os córregos, os rios…deixo a você a poesia, deixo as estações…sobretudo a primavera e o verão. Deixo a você o vento, o sol, deixo o mar… o amor, as lágrimas, a alegria e as estrelas“.

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Certa vez me falaram que “a palavra é metade de quem escreve e metade de quem lê”. Isto porque somos pessoas com referenciais e visões diferentes sobre a vida. Talvez por isso, uma frase do filme O palhaço, 2011, de Selton Mello, tenha me tocado tão profundamente: “o rato come queijo, o gato bebe leite, e eu sou palhaço”. Neste belíssimo longa-metragem, o personagem de Selton vive uma crise existencial. Ele sabe qual é a sua essência, mas tem medo de seguir este caminho. Enfrentei este dilema ao ingressar na faculdade de cinema. Senti medo. Medo de assumir uma profissão tão não-convencional e instável como forma de ganhar a vida.

A minha sorte foi ter por perto uma anciã, grande amiga e por mera coincidência da vida, também avó materna.

Meu pai me apresentou Charles Chaplin. Carlitos me abriu as portas para o cinema e o cinema me abriu as portas para o mundo. Quem me encorajou a trilhar este caminho foi a Vó Lela. Já faz alguns anos que ela se foi. E entre o sem-fim de circunstâncias que me recordo de ter vivido ao seu lado, uma frase é boa demais para não ser contada. Me lembro como se fosse não ontem, mas há cinco minutos, quando ela me disse com sua paixão contagiante: “Menino, preste atenção: às favas com a prudência. Nesta casa, aceitam-se sonhadores”.

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