De berço francês e queridinho da Europa, o festival mais glamoroso de todas as décadas encerrou seus prêmios e atividades. Para quem ficou em Cannes, aproveite para curtir o começo da alta temporada francesa, o champagne do final de festa, e quem sabe ter a sorte de encontrar uma celebridade fazendo compras nas lojinhas locais.
Entre os dias 15 e 26 de Maio ocorreu o cinco estrelas Festival de Cannes na França. Domingo (26/5), o júri do Festival anunciou os ganhadores dos prêmios Palma de Ouro (melhor filme), Grand Prix (segundo melhor filme), Câmera de Ouro (diretores estreantes), Melhores ator e atriz, Melhor roteiro, Prêmio do júri e o Palma de Ouro de melhor curta-metragem.
O Festival internacional do Filme foi criado por iniciativa de Jean Zay. Na época Zay era ministro da Instrução Pública e das Belas Artes, e desejava criar um evento cultural que pudesse rivalizar com a Mostra de Veneza, assim, nasceu em 1946 o Festival de Cannes.
Diferente do hollywoodiano Oscar, O Festival de Cannes procura “descobrir, promover e acompanhar”* a sétima arte, sendo que “o objetivo do Festival é encorajar o desenvolvimento de todas as formas de arte cinematográfica, bem como criar e manter um espírito de colaboração entre todos os países produtores de filmes” (extrato do regulamento de 1948)**.
Cannes se diferencia por sua missão de revelar e valorizar obras que possam transformar a forma do fazer cinema. É um festival que valoriza a diversidade da criação cinematográfica, e já premiou muitos nomes de diferentes raízes e culturas.
Esse ano, o júri liderado pelo cineasta Steven Spielberg, elegeu para a surpresa de muitos o grande ganhador da Palma de Ouro, o polêmico e belo La vie d’Adele (Blue is the Warmest Colour), do diretor franco-tunisiano Abdellatif Kechiche. Uma prova de que Cannes não está preocupado se o teor do conteúdo do filme é a trajetória de duas protagonistas lésbias, e sim o reconhecimento artístico e libertador desse romance.
La vie d’Adele é uma adaptação livre da HQ escrita por Julie Maroh. O diretor Kechiche não demonstrou pudores nas cenas sexuais entre as duas personagens, assim como não envergonhou os espectadores, que se identificaram com os constantes close-ups dos lábios da atriz Adele Exarchopoulos, ao dormir, comer ou simplesmente beijar a companheira de filme, a atriz Lea Seydoux. Nas palavras de Spielberg “Nós nos sentimos privilegiados de assistir a esse filme (…). O diretor usou uma narrativa ousada. Ficamos encantados com o filme.”
Emocionado, Kechiche declarou ao receber a Palma de Ouro que “gostaria de dedicar (o prêmio) à bela juventude que conheci, gente que me ensinou muito sobre o espírito de liberdade e também à outra juventude, por algo que aconteceu não faz muito tempo, a revolução tunisiana, por sua aspiração de viver com liberdade, se expressar livremente e amar com plena liberdade”***.
De conteúdo apropriado para as questões que os Governos vêm se debatendo sobre a permissão do casamento gay, do preconceito e reconhecimento civil da união homossexual, La vie d’Adele é um convite não só ao espectador, mas ao público em geral para enxergar as mudanças deste Século.
Os vencedores em Cannes 2013:
Palma de Ouro: “La vie d’Adele”, de Abdellatif Kechiche.
Grand Prix: “Inside Llewyn Davis”, dos irmãos Coen.
Melhor diretor: “Heli”, de Amat Escalante.
Câmera de Ouro (Para diretores estreantes): “Ilo Ilo”, de Anthony Chen.
Melhor ator: Bruce Dern, de “Nebraska”.
Melhor atriz: Bérénice Bejo, de “Le passé”.
Melhor roteiro: Jia Zhangke, de “A touch of sin”.
Prêmio do júri: “Like father, like son”, de Hirokazu Kore-Eda.
Palma de Ouro de melhor curta-metragem: “Safe”, de Moon Byoung-Gon.
* e **: retirado do site http://www.festival-cannes.com/pt.html
***: retirado da reportagem http://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2013/05/veja-os-vencedores-do-festival-de-cannes-de-2013.html
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