Fotografia: Isabela Gregório | Texto: Luan Magustero
Crônicas Urbanas: A eterna despedida II
És eterno, que não te desmanchas, mas te retornas.
Rondei entre as folhas os olhos um fruto, a fome provastes a secura do inverno, e o viço da primavera de uma raiz sem paladar, iniciastes a circular no universo. Para descobri-te um dia, tive que negar-te. E morreria antes, que o tempo cure a eterna despedida.
Que a audácia não seja mais desvendar mistérios! Consuma-me em teu segredo, surges como dente de leão, e assopro as pétalas para todos os lados, e anulamos todos os hemisférios, dirigindo-nos a um só lugar, e o caule guardo o eterno; surpreendas-te ao acertar os passos na noite, sobre corda bamba, o mesmo caminho feito sob o sol, és outro final para o começo.
Na saudade habita uma nascente do amor. A água perpassa os caminhos cumes e árvores que a terra te trilha, e conhecestes tais profundidades da vida: de banhar-te do sol e ser fria, da nulidade da noite e mornar-te ser; até encontrares teu lugar nenhum e jorrar tua essência.
És eterno, que não te desmanchas, mas te retornas.
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