Para música as palavras, para escrever escuto.
Noite lavradora. Logo um piano tocará, palavras escreverão. Logo minhas mão serão tomadas.
Conhecemos o limite do coração, até sermos surpreendidos.
Se aguentastes o frio, então podes com toda turvação do ser.
Beijo não salva, aprofunda-te. Amor te salva da cura. Beije meus dedos, e aprofundo-os em ti até desaparecerem, até serem suor entre pernas, até soarem gemidos. Improviso meu sonho.
Ó piano, tu estas deitada sobre ele! Pise nas teclas dedos e abra-te, tocarei de pé em ti sentada.
Deitas-me viajante regaço. O que desejas desse moribundo em tuas pernas terás. Estou na fonte da vida. Teremos vida eterna agora. Tu me destes fôlego do âmago. Vivo! Antes que sintamos o tempo passar, sua dança. Dance, e teus olhos seguirão voluptuoso vento, também assoprados pelo meu nariz, e quando sentires o cheiro, olharemos nos olhos, e a cauda do céu será repartida nesse fogo inferno. Teus ombros inspiram meus beijos a morderem até teu pescoço. Porque paralisastes? Foi eu?! Não por favor, continue! Teus tornozelos fecharei fortes cadeados com minhas mãos ferozes, parei tua dança, danças presa a mim, agora, faço e entro como quiser, como eu quiser.
Dê-me uma nota, uma nota, uma nota… Uma nota para que eu escute também com os olhos na saudade. Onde deslizo os dedos que cantam os sons mais bonitos? Onde baterei mais forte que no quarto não caberá o grito? É preciso todo o céu para abater essa erupção que cantamos dentro um do outro?!
(Eu) para música as palavras, para escrever escuto.
(Fotografia: Bela Gregório | Texto: Luan Magustero)
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