Existe uma magia indescritível na composição da black music. Não sei exatamente o que controla meus sentidos, que vão sempre às alturas quando escuto, mas o contato com os ritmos negros – seja o rap, o blues, o soul, o jazz, o r&b – é arrebatador. É só dar o play e fica fácil, tudo se registra e se marca com força, e o vício deslancha.
Na tentativa de sustentar este vício conheci Raul Midón. Rapidamente ganhou minha atenção para si em uma apresentação no North Sea Jazz Festival, com India Arie. Na performance, são visíveis o êxtase e a admiração da cantora pelo artista. Quis entender o porquê, e assim mergulhei na obra e no espírito de Midón.
Raul Midón não é muito popular, comparado ao talento que tem. Nasceu prematuramente em um hospital rural de Embudo, em 1966 no Novo México, e sem a proteção adequada, ainda na encubadora, perdeu sua visão. Aos 4 anos foi apresentado à musica, e desde então, tornou-se um músico ávido, de múltiplos talentos. “One-Man Performance”, Midón brilha nos palcos com muita habilidade. Slap no violão, beats diversos na percussão, vocal de trompete, uma linda voz e composições de infinita sensibilidade. É curioso pensar que sua carreira teve início como backing vocal de artistas como Shakira, Alejandro Sanz, Julio Iglesias e Jose Feliciano.
Algumas composições de Midón, como State of Mind e Peace on Earth, são hinos pessoais para muita gente, trilhas do movimento de despertar espiritual. Suas palavras são de equilíbrio, serenidade e paz, e encorajam a abraçar o mundo, por inteiro. Everybody, inclusive, faz parte da soundtrack do filme Peaceful Warrior (Poder Além da Vida, no Brasil), que conta a história de um ginasta, que após um grave acidente, descobre que é preciso deixar pra trás partes da vida e descobrir o valor de compreender e lutar por algo maior.
State of Mind é também o nome do álbum lançado em maio de 2005, que contou com a participação de Stevie Wonder e Jason Mraz. No disco, a música Sittin in the Middle foi escrita em tributo a Donny Hathaway, e arrepia aqueles que admiram quem representou a força da música negra, em 1969.
Gracias a la vida (1999), Blind to Reality (2001), State of Mind (2005), A World Within a World (2007), Synthesis (2009) e Invisible Chains (2012) não são apenas álbuns, são lições de vida bem expressadas em voz, violão e boas vibrações. Coloque pra tocar e boa viagem!
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