O que te motiva a levantar todos os dias de sua cama para tentar fazer a diferença em sua vida? Você está em busca do que? Dinheiro? Dignidade? Felicidade? Acredito que essa é uma questão que passa pela cabeça de qualquer ser racional, mas esse não é o foco central desse texto. Estamos aqui para falar sobre o evento que rolou no dia 26 de janeiro no Estância Alto da Serra (São Bernardo do Campo, ABC Paulista): o Motiva Music Festival.
Mas, antes de tentar explicar a importância do evento para o rap nacional, quero fazer um paralelo com a minha história.
Sempre estudei em escola pública e tenho orgulho em dizer isso. Com o ensino público veio o acesso à fonte da água mais transformadora que pude provar: a cultura do hip-hop – e como agradeço por isso.
Na quinta série, meus olhos brilhavam sempre que os meninos mais velhos abriam uma roda no intervalo e começavam a realizar aqueles movimentos de chão, ao som de uma música rápida, agressiva e desconhecida. Aquilo mexia demais comigo e posso dizer que alterou o rumo principal de minha vida.
E assim, agradeço novamente, pois com o rap veio o skate, o graffiti, uma nova forma de pensar e a vontade intensa de escrever, desenhar e eternizar momentos. De um modo simples, honesto e verdadeiro.
Peguei uma lata de spray na mão e risquei uma parede pela primeira vez, o primeiro cigarro veio junto também com a curiosidade de questionar o porque das coisas. O que uma criança com 11 anos de idade poderia querer mais da vida? Eu só queria viver aquilo da mesma forma que estava sentindo. E hoje, muitos anos depois, de acordo com minhas experiências, tenho a oportunidade de registrar e compartilhar um pouco sobre a história do rap. Me sinto privilegiado, mas a minha história é pequena demais comparada com o que o rap já fez e faz por diversas gerações no mundo.
Voltando ao ponto, 2013 começou muito bem para o rap. Fechar um espaço gigante de fazendeiros e cowboy$ para unir gerações de djs, mcs, bboys, grafiteiros, skatistas, ativistas, entusiastas, comunicadores, fãs e produtores culturais, não foi tarefa fácil, mas aconteceu.
Missão dada, missão cumprida. Seja com o “fortalece aí” no Facebook, com os lambes na rua, o boca a boca da galera, a divulgação em massa e a energia inversamente proporcional gerada ao mau-olhado dos “bota-zica”. Pouco mais de cinco mil pessoas passaram pelos portões do Estância.
Quem esteve por lá, contou com uma aula da cultura do hip-hop em uma vertente por ambiente. Logo na entrada, o Breaking Stance, competição frenética com os melhores bboys do Brasil. Passando pelos giros de pernas e braços, um verdadeiro paredão branco com diversas latas em ação e Carga Pesada, representado pelos grafiteiros Cena 7, Childs, Danone, Fheit, Kaaone, Lelin, Porko, Rafael Cassaro, Zhein e Zmau.
O evento foi apresentado pelo rapper Xis e, nos palcos, as pick-ups eram comandadas pelo Dj Rodrigo Silva e Dj Marco, que mandavam suas pedradas sonoras, aquecendo os ouvidos da galera.
E não vai pensando que era pouca coisa que estava por vir. Nada menos do que um time de peso formado por Rashid, Pentágono, Rapadura, Haikaiss, Criolo e Racionais MC’s. Cada um com a sua particularidade e linguagem própria de se trabalhar com música e levar a mensagem a frente, defendendo com raça e respeito o verdadeiro significado da palavra rap.
Será que precisa falar algo mais sobre os shows? Se você deixou de ir ao evento por algum motivo, a SOUL ART fez a gentileza de novamente contar essa história:
E hoje, acima de tudo, insistimos: o rap é compromisso, não é viagem.
Tá ligado Suplicy?
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