Mag Magrela produzirá painel que fala sobre o passado e as experiências que nos preparam para o futuro

Até o final do festival na sexta-feira (25/02), a capital mineira ganha mais um mural de grandes proporções, desta vez pintado pela multiartista Mag Magrela, selecionada através da convocatória Beck’s, que recebeu 327 inscrições de 21 estados do país! “Você não está sozinha!” é o chamado que guia os caminhos da 6ª edição do Cura – Circuito de Arte Urbana, que acontece desde a última segunda-feira (14/02) em Belo Horizonte.

“O projeto da Mag foi o que mais nos impactou, um painel que fala sobre o passado que carregamos, uma memória encarnada, de experiências que nos ensinam e nos preparam para o futuro. É um trabalho também sobre intuição e resiliência, sobre caminhos a seguir e, por ele, encontrar alimento (tanto físico quanto espiritual) que nutre e cura”, explica Priscila Amoni, idealizadora e curadora do festival, ao lado de Jana Macruz e Juliana Flores.

A obra foi batizada de ‘arada, a extensão do meu olhar se faz terra’ pela artista, que explica: “duas mulheres encaram o que está por vir. A mulher ajoelhada representa a intuição, que tem a liberdade em acessar o passado, o futuro e, assim, afetar o presente. Afeta nossas escolhas. As pedras representam o passado. Ela está sentada, como se estivesse guardando as poucas memórias que consegue carregar. Às vezes, as deixa, perde ou troca por algumas pedras mais brilhantes ou mais leves. O peixe é o alimento que nutre. Nutrientes que carrega, dependo de onde o apanhou, se foi no rio ou se foi no mar. A babosa para cicatrizar as mazelas e conservar o que se tem de bom. Os caquinhos no chão são peças inteiras de cerâmicas e ilustram que, para a construção de uma nova história, é necessário o entendimento do nosso passado, de onde viemos, quem somos e o porquê tudo acontecer assim. Arada, aberta para semear as novas ideias e assim assentar em terra”.

 

Sobre Mag Magrela

Mag se destaca na cena contemporânea de arte urbana com suas formas femininas singulares e já tão reconhecidas no graffiti. É referência para várias meninas que estão começando a pintar e tem trabalhos espalhados por cidades como São Paulo, Salvador, Natal, Lisboa, Londres, Rio de Janeiro e Nova Iorque. “É ainda mais incrível que uma artista com essa trajetória e força siga pintando na rua e, na maior humildade, se inscrevendo na convocatória do CURA. A gente celebra demais que BH vai poder ter uma empena dela, de quase 650m², no Edifício Savoy (Av. Bias Fortes, 1577)” fala Jana Macruz.

Mag transita por diferentes linguagens: telas, murais, escultura em argila, assemblage, bordado, azulejaria, performance, poesia, música… Sempre teve contato com as artes e se diz muito inspirada pela cultura brasileira, influenciada especialmente pelo seu pai. “Ele me apresentou ao universo da música brasileira, desde muito criança. E as letras me inspiram também a desenhar, a criar outras letras. Sinto que essa veia artística sempre esteve presente, mas de uma forma muito espontânea, nunca fiz aulas de educação artística”, lembra. Ela se vê como uma contadora de histórias. “Sou muito ligada às coisas que acontecem ao meu redor. Narro minhas vivências, alegrias, encantamentos, tristezas, experiências espirituais, experiências terrenas… Conto também histórias que eu vejo ou ouço de outras pessoas, histórias de pessoas que eu admiro, histórias do meu país. E isso inclui coisas que eu deixei passar quando criança ou que não me foram contadas, como a escravidão no Brasil, ou mesmo símbolos nossos como a espada de São Jorge; todo mundo tem uma em casa. São coisas que estão na minha vida ou que vejo no meu dia a dia, como a crescente especulação imobiliária na minha cidade [São Paulo]. Tudo isso me inspira: experiências com as pessoas, símbolos, elementos do cotidiano, desde uma cuscuzeira até uma espada de São Jorge. Sinto que a arte é só um momento de eu estar aberta e presente, em que eu consigo filtrar tudo aquilo e colocar na minha linguagem, no meu estilo”, reflete.

O encontro com o CURA não podia ser mais feliz. “Eu estou alucinada, completamente empolgada de fazer parte do CURA, estou ansiosa, emocionada, só de falar me dá vontade de chorar. Porque eu admiro demais este festival. Eu admiro sua delicadeza, a curadoria, o conceito, admiro por ser do Brasil, por ser feito por mulheres, e que têm uma sensibilidade e uma equipe linda. É muita admiração. Do que eu conheço de festivais daqui e do exterior, para mim o CURA é o melhor festival do mundo. É isso, eu estou participando do melhor festival do mundo, tá ligado? Estou muito feliz de estar perto de obras incríveis, perto da Daiara, do Jader, dos Shipibo… Fazer parte disso é elevar o meu espírito e minha profissionalidade. Estou muito orgulhosa e feliz, só agradeço”.

 

Sobre CURA Fevereiro 2022

A 6ª edição do CURA – Circuito Urbano de Arte teve início junto com a primavera e segue em movimento. Desde então, a Praça Raul Soares tornou-se o mais novo museu a céu aberto da capital mineira e, como algo vivo que é, se multiplica. Em 2022, a “coleção Raulzona” segue crescendo. De 14 a 25 de fevereiro, obras inéditas de Mag Magrela, artista selecionada pela convocatória Beck’s em 2021, e o cinquentenário Grupo Giramundo se somam à galeria do CURA, para serem apreciadas de forma democrática e gratuita.

“Em 2021, o CURA concebeu um festival-ritual para irradiar a partir da praça, um novo ambiente de imersão em arte pública. Foi lindo ver o encanto acontecer desde o momento em que convidamos geral para ver o que sempre esteve entre nós: uma Raulzona de cultura marajoara viva em grafismos e em espírito presente, praça cheia de história e vivências, com sua fonte central com contornos da Chakana peruana, de conexões transamazônicas, encontro de povos e culturas latino-americanas” fala Priscila Amoni.

A partir de 17 de fevereiro (quinta-feira), a multiartista Mag Magrela (ela é desenhista, grafiteira, pintora, escultora, cantora…) e uma das referências nacionais na cena contemporânea de arte urbana traz suas formas femininas singulares e já tão reconhecidas no graffiti para falar sobre passado, resiliência, sobre passar por tempos difíceis, sobre cura.

“2021 foi cheio de desafios para a realização do CURA. As entregas ganharam outros significados diante dos impasses vividos pela cultura no país, especialmente com a atuação em âmbito federal no sentido de enfraquecer (por vezes, boicotar) o setor cultural, atrasando processos, autorizações, homologações, liberações de recursos, etc., desidratando a cadeia produtiva da cultura. Sentimos ainda mais orgulho e alegria por tudo que foi apresentado e compartilhado até agora” explica Juliana Flores. “Nossa cidade é nossa galeria de arte pública e nos lembra de que, quando a gente se apropria do espaço urbano, constrói também um sentido de pertencimento, faz dele nosso também, é capaz de transformá-lo”, completa.

2022 é o ano da cura, do recomeço, dos reencontros, da retomada da cultura.

 

Sobre o Cura

O Circuito Urbano de Arte realizou sua quinta edição em 2020, completando 18 obras de arte em fachadas e empenas, sendo 14 na região do hipercentro da capital mineira e quatro na região da Lagoinha, formando, assim, a maior coleção de arte mural em grande escala já feita por um único festival brasileiro.

Idealizado por Janaina Macruz, Juliana Flores e Prisicila Amoni, o CURA também presenteou BH com o primeiro e, até então único, Mirante de Arte Urbana do mundo na Rua Sapucaí.

 

Serviço

CURA – Circuito Urbano de Arte, 6ª edição – 2ª etapa

Data: 14 a 25 de fevereiro

Local: Praça Raul Soares

https://www.instagram.com/cura.art

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