Em 2001, na oitava série um colega me emprestou um cd de uma banda barulhenta chamada Ramones. Não podia imaginar no que aquilo se transformaria, ou melhor dizendo, como aquilo me transformaria.
A partir disso, acabei conhecendo outros estilos musicais relacionados ao inocente punk rock dos Ramones. O grupo norte-americano dos cabeludos de jaquetas de couro e calça jeans apertada acabou ficando pra trás e deu lugar para bandas de gêneros e subgêneros, se é que eu posso dizer assim, que compõem o mundo punk. Grupos de uma agressividade sonora nada inocente e com muito para expressar através de sua arte.
Toda essa violência sonora transformou minha forma de ser, vestir e agir. Mudou minha forma de ver o mundo. Um dos pontos fundamentais, na minha opinião, é a liberdade que eu conquistei dando ouvidos aqueles caras mal encarados aos berros em cima de palcos sujos e pequenos.
Acabei me transformando em um desses caras e toquei em algumas bandas. Em 2014, a mais duradoura delas, completa 10 anos de nosso primeiro ensaio. Foi na banda Diarréia Brutal (2004-2009) que ganhei a coragem que tenho hoje de enfrentar qualquer projeto, seja lá qual for e sob quais condições forem. Se você quer algo: DIY (Do It Yourself – Faça Você Mesmo). “Vá em frente!”, “Tente!”, “Faça do seu jeito, mas faça!”, “Não fique esperando acontecer!”. É algo que tive a grande oportunidade de experimentar, graças ao espírito punk, afinal, os solos sem sentido do Black Flag nunca me deixaram desistir de tocar guitarra. Ouvir aqueles instrumentos todos desafinados e pulsando no ritmo da música e, ainda assim, tudo fazer sentido era incrível e o mais importante: era possível!
A música transcendeu aquilo que só se escuta e se transformou naquilo que se vive. Os trechos de centenas de músicas não me deixam esquecer as perguntas que eu tenho de fazer sobre as coisas que parecem tão verdades. Acho que isso é o mais importante de tudo. A liberdade para questionar, enxergar outros pontos de vista, agir, tentar sem medo e ser você mesmo, por mais difícil que tudo isso possa ser.
Se você ainda não deu chance ao mundo punk, aproveite agora. É muito fácil encontrar material de bandas de todo o mundo na internet. Já ouviu e o som não agrada? Leia as letras! Tenho certeza que, no mínimo, elas vão alimentar aquela reflexão diária no caminho pro trabalho, conversando com os amigos ou mesmo sozinho antes de dormir. Quem sabe acontece dessa barulheira revolucionar a sua vida também?
Felipe Albino, Formando do Bacharelado em Matemática da USP, especializando-se em estruturas não-associativas, suas representações, identidades e relações.
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