O samba autoral, paixão popular e patrimônio cultural imaterial do Estado, em Projeto de Lei promulgado em 2015 pela Assembleia Legislativa, por meio da Deputada Leci Brandão, e assinado pelo então Governador do Estado, Geraldo Alckmin, é uma das formas de expressão mais autênticas do Brasil. Vindo junto com a chegada dos novos povos às terras tupiniquins, este ritmo é uma miscelânea de instrumentos e batidas provenientes de regiões da África e da Europa.

Comunidades e Terreiros de São Paulo promovem encontros para dar espaço aos novos compositores. 

Foto/Reprodução: Merylin Esposi/Samba em Rede

 

Popularizado como forma de expressão, o samba, ainda que muito perseguido nas décadas de 20, 30 e 40, ganhou força total em 60 e 70 e ficou marcado, desde então, como representação máxima da cultura nacional. Eternizado nas vozes de grandes intérpretes como Roberto Ribeiro, Clara Nunes, Alcione, Martinho da Vila e João Nogueira, o ritmo tem sido deixado de lado pelo mercado fonográfico e vem sofrendo, pouco a pouco, com um enfraquecimento, dando lugar à outros estilos.

FINAL, UM NOVO INÍCIO 

Junto com a crise da industria fonográfica que se instalou ao final dos anos 90, entrou, também, em crise o samba. Ao mesmo passo que gravadoras se desfizeram, grupos e mais grupos também encerraram as suas atividades. A partir de então, mais uma vez, o samba voltou a viver à margem – desta vez de uma outra forma – e deu lugar aos grupos de pagode que, embora sejam um desdobramento do primeiro, em nada ou muito pouco conversam com a linguagem rítmica e social do samba .

Em virtude do notável enfraquecimento – ainda que embrionário – do ritmo, entre o final dos anos 90 e o início dos anos 2000, compositores e músicos que residiam em São Paulo se organizaram e encabeçaram movimentos de união entre sambistas oriundos de gerações mais jovens. Foi o caso dos extintos “Nosso Samba”, de Osasco, e “Morro das Pedras”, de São Matheus, que são tidos por muitos sambistas como os primeiros redutos de exaltação à musica autoral contemporânea.

A partir de movimentos como estes, outros mais vieram. Da Zona Sul, surgiu o Samba da Vela.

A COMUNIDADE SAMBA DA VELA

Foto/Reprodução: Merylin Esposi/Samba em Rede

Um dos desdobramentos originados a partir desses dois movimentos, o mais antigo em atividade atualmente, é a Comunidade Samba da Vela, que completa em julho 18 anos de existência. Fundada em 18/07/2000 no extremo sul de São Paulo pelos músicos e compositores Chapinha, Paquera, Magnu Souza e Maurilio de Oliveira (os dois últimos, atuais integrantes do grupo “Prettos”), a roda de samba recebe figuras de todos os lugares do país e do mundo, fazendo com que a música seja uma grande facilitadora de encontros. Trabalhando, desde a fundação, com a questão da musica autoral, o Samba da Vela apresenta um caderno por ano, que reúne em média 25 composições inéditas.

Chapinha, 60, músico, compositor e fundador da comunidade, dá um panorama geral sobre a atuação do Samba da Vela, no que diz respeito ao critério de composição das músicas:

“A gente entende que música é cultura e, sendo cultura, tem que ter começo, meio e fim. Tem que ter coerência entre melodia e letra. Não dá pra falar qualquer coisa. É assim que a gente trabalha no Samba da Vela. As coisas tem um porque.”

Perguntando sobre o início deste movimento, ele explica:

William Fialho, 42, músico, compositor e integrante do Samba da Vela, pontua a importância de espaços como este no que diz respeito à manutenção da cultura e também para a descoberta de novos nomes na música, mas sem esquecer-se dos ensinamentos passados pelos mais antigos:

Para além, conclui: “Os espaços que abrigavam o compositor, nesse sentido, eram as escolas de samba. Mas s escolas de samba perderam a sua essência, então começou a ter essa organização dentro das comunidades e fora da escola de samba. […] Acredito que isso é uma saída, mas a gente ainda precisa se organizar mais…”

O Samba da Vela acontece todas as segundas-feiras, a partir das 20h30, na Casa de Cultura de Santo Amaro.

Do outro lado da cidade, na Vila Prudente, Zona Leste de São Paulo, o Terreiro de Compositores se reúne para, tal qual o Samba da Vela, cantar as músicas autorais dos frequentadores da roda.

O TERREIRO DE COMPOSITORES 

Foto/Reprodução: Merylin Esposi/Samba em Rede

Onze anos mais jovem, fundado em 02/06/2010, o Terreiro de Compositores é um movimento da zona leste de São Paulo, que trabalha nos moldes do Samba da Vela.

Lá os compositores se reúnem para mostrar as suas criações e, a partir delas, são formados dois cadernos por ano, que abrigam cerca de 20 músicas cada. “São mais de 300 músicas nesses anos todos levantando a bandeira do samba”, pontua Dodô Andrade, 72compositor e integrante.

Quando perguntado sobre o papel que esses espaços tem no que diz respeito à preservação e continuidade, Mauricio de Mello Prince, 28, compositor e integrante do Terreiro de Compositores, discorre:

Lua Cristina, 23, cantora, compositora e também integrante do Terreiro de Compositores, por sua, corrobora com a ideia citada por William Fialho anteriormente e finaliza o pensamento:

O Terreiro de Compositores acontece quinzenalmente, às quintas-feiras, na Av. Luis Ignácio Anhaia Mello, 1720.

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