Ontem num fortuito impulso resolvi que o dia seria aquele. Tinha uma hora para lavar os cabelos, colocar uma roupa quente e correr para meu encontro. Elena, os olhos escuros e tristes. Um sorriso branco e misterioso, de uma leveza ao andar e uma intensidade de viver a vida.

Conheci Elena de uma maneira inesperada, pois esperava mais um daqueles depoimentos fervorosos sobre sua figura e/ou lágrimas escorrendo pelo canto dos olhos. Mas não. Deparei-me com uma menina linda, de cabelos longos que dançava, dançava e dançava como se isso fosse o fio condutor de sua vida.

Petra Costa, a irmãzinha de Elena é a narradora e diretora dessa história. O documentário retrata a viagem de sua irmã aos Estados Unidos em busca de uma carreira de atriz. A mãe delas, Li An, diz que Elena queria ser atriz desde os quatro anos, e foi, aprendeu ópera, dançou e atuou o mais intensamente quanto pôde. Os amigos diziam que ela nunca se cansava de ensaiar, tudo tinha que ser bem feito.

A voz de Petra soa como um diário, daqueles que guardam uma lembrança e uma história muito dura de um período difícil que apenas um diário poderia registrar. Porém, é na docilidade de suas palavras, nos vídeos caseiros, nos vídeos que a própria Elena gravou de sua experiência fora do país e nos registros da irmã, que a diretora nos apresenta essa atriz em quem se espelhou e que a treinou para atuar no mundo das artes.

Seu primeiro longa metragem, Elena (2012) é algo muito particular na vida de Petra Costa, um filme que tem ela mesma em seu papel, refazendo os passos da irmã pelas ruas de Nova York a procura de reconstruir essa lembrança embaçada de quando tinha sete anos. Diretora do curta Olhos de Ressaca (2009), Petra nos demonstra novamente sua sensibilidade e docilidade ao nos contar a história dessa figura muito importante em sua vida.

Um documentário brasileiro muito diferente do convencional, ele passa por seus olhos poeticamente, apresentando a relação de duas irmãs com diferença de idade muito grande, depois foca na figura dessa sedutora e misteriosa Elena e prossegue novamente para a busca da identidade de Petra.

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Conheci Elena, me identifiquei com sua dor, me apaixonei por sua intensidade de viver e, sobretudo, entendi que existem “memórias inconsoláveis” que fazem parte da nossa história e da maneira como as sentimos. Um encontro fortuito que me deu esperanças, e mostrou que é preciso dançar para a lua e seguir em frente.

 

Quando? Em cartaz nos cinemas

Onde? http://www.elenafilme.com/programacao/

Quanto? Preços variados (inteira/meia)

http://www.elenafilme.com/

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