Norman McLaren (1914 – 1987) foi um diretor e animador escocês, referência mundial quando se fala em cinema de animação e cinema experimental.
McLaren estudou na Glasglow School of Art na década de 30, onde produziu seus primeiros trabalhos experimentais sob a influência do diretor russo Sergei Eisenstein, e do formalismo em voga na época que acabaria por ser característica do trabalho de McLaren para sempre. Nessa época desenvolve a chamada Pixelização, mais conhecida no dias de hoje como a técnica de Stop-motion, com a gravação quadro a quadro gerando a imagem animada na edição, em que o diretor começou a perceber as possibilidades que tais efeitos estéticos produziam.
Durante ainda a década de 30, nos anos pré-Segunda Guerra Mundial, McLaren participou de documentários que retratavam os momentos tensos da política, mas quando a Guerra estourou, ele se mudou para Nova York, como tantos outros artistas e pensadores europeus.
Nos Estados Unidos continuou produzindo, voltando às animações e experimentações. Mas foi mesmo no Canadá, no hoje prestigiado National Film Board, que McLaren produziu suas grandes obras que lhe deram fama.
E nada foi fácil, a princípio teve dificuldades em arranjar ajudantes, já que o NFB crescia, e o diretor não conseguia dar conta do aumento no trabalho. Muitos dos jovens que poderiam trabalhar em seu estúdio foram mandados para a Guerra. Acabou encontrando outros, ainda iniciantes mas que acabaram fazendo história também no NFB como: Evelyn Lambart, principal colaboradora do trabalho de McLaren; René Jodoin, que chegou a ganhar um prêmio em Cannes e um dos principais nomes franceses no gênero animação; George Dunning, ilustrador e animador que, entre centenas de trabalhos, foi um dos principais nomes do projeto do filme de animação Yellow Submarine dos Beatles; Grant Munro, importante não somente para o NFB, como para o próprio termo Pixelização que é de sua autoria.
McLaren desenvolveu diversas técnicas como a de pintar sobre a película, o trabalho com duas ou mais películas num trabalho de edição preciso (algo hoje em dia feito com qualquer software de edição de video), a sincronização de som e imagens trabalhando de forma poética e ousada com músicos de estilos díspares como música eletrônica ou sintética, música clássica, francesa, indiana, jazz e avant-garde.
Na sua longa carreira, ainda trabalhou para a UNESCO dando aulas de animação na China e na Índia. Mas é difícil escolher quais trabalhos exibir nesta coluna em se tratando de alguém tão genial quanto Norman McLaren.
Vamos começar com sua obra mais consagrada e vencedora de um Oscar, Neighbours de 1952, um curta onde dois vizinhos disputam uma flor que nasce no meio do jardim dos dois, e que tem claramente uma mensagem antiviolência. Lembrando que nesta época a Guerra Fria provocava calafrios na humanidade pela estúpida disputa armamentícia e de poder entre soviéticos e americanos.
Neighbours – 1952
Blinkity Blank – 1955
Que tal brincar de piscar?
Dots – 1940
Um dos seus primeiros trabalhos, música sintética, sincronismo.
A Chairy Tale – 1957
Nesta sensacional animação, Norman McLaren não consegue fazer amizade com uma cadeira espertinha. A música é de Ravi Shankar, que faleceu recentemente; trabalhou com os Beatles e era pai da cantora Norah Jones.
Opening Speech – 1960
Já não bastasse a cadeira, agora um microfone não deixa o destemido Norman McLaren fazer um pronunciamento de abertura.
La Merle – 1958
Belíssima animação sobre um pássaro que perde partes de seu corpo e não pode mais cantar. O trio de cantores brilhantemente conta a história do pássaro, mesmo para quem não entende nada de francês percebe o quão difícil é cantar isso.
Rythmetic – 1956
Matemática divertida? Aqui sim!
Pen Point Percussion – 1951
Mas como ele fazia tudo isso, para sincronizar imagem e som? O mestre dá umas dicas de sua técnica sobre a película.
Dancing with twice himself
Para encerrar, um trabalho de filmagem genial. Não consegui identificar para qual documentário ou especial de TV este pedaço de NormIan McLaren foi produzido, mas perceba o som da câmera registrando os movimentos do artista quadro a quadro. Ah sim, uma das músicas é a 5ª Bachiana de Villa-Lobos e a última do argentino Astor Piazzola.
Responda à nossa pesquisa e nos ajude a fazer do blog SOUL ART um portal cada vez mais completo: http://ow.ly/iEgC8
[popup_anything id="11217"]