Jefferson Ramos chegou à Terra há 29 anos, é formado em Informática para Gestão de Negócios e trabalha na área de Bussiness Inteligence de um banco. Mas, não é por nada disso que é conhecido no mundo das artes.
Há doze anos ele resolveu pegar uma câmera fotográfica e aprender. Começou assim, como todo mundo: com florzinha, pôr-do-sol, amigos… Nunca fez um curso de fotografia ou de edição de imagens, mas sempre ia atrás dos livros para descobrir mais técnicas. Hoje, pode ser chamado de “dinossauro da fotografia”, trazendo a nós imagens fantásticas de mulheres “comuns”, que são enaltecidas a cada curva de seus corpos.
O que você quer com a sua fotografia?
JR: Evoluir sempre.
Nas suas fotos, você representa mulheres em diversas ocasiões, fantasiosas e cotidianas. O que você quer passar com essas mulheres?
JR: Ideias, poemas, trechos de músicas, filmes, momentos bons ou não, que admiro ou queira expressar simplesmente em forma de imagens. Poucas foram as modelos profissionais que fotografei. Vejo mais vantagem em pegar uma menina “comum” pra fotografar, justamente por não haver vícios de outros fotógrafos e não haver poluição das ideias por questões de preocupação com beleza ou imagem externa. Isto se falando de projetos autorais. Já pra trabalhos comerciais, a ideia as vezes é descaracterizar a pessoa até o ponto onde ela se admire por algo que não sabia ter a capacidade de exercer. E de forma geral, se diferenciar dos demais fotógrafos, claro.
O que você busca quando está com a câmera nas mãos?
JR: Não perder os momentos. Pois tenho ideias, técnicas, conceitos e composições na cabeça ao entrar num projeto ou trabalho, mas nada disso faz sentido se eu não entender o momento e não conseguir “explicar” isso nas fotos de forma convincente. Não achar o ângulo certo, a luz certa, a sintonia certa. Faço muita coisa junto com minha namorada e buscamos sempre isto: a sintonia de estarmos juntos, primeiramente. Pois se conseguimos a sintonia entre nós mesmos, conseguimos sintonizar facilmente com o exterior e misturarmos nossas ideias, que são bem parecidas.
Esta foto [acima] representa uma mudança de paradigma. Provava a mim mesmo que não sou um fotografo machista, que “podia confiar em meu próprio taco” ao postar uma foto da própria namorada nua na Internet. Mas é um projeto inteiramente nosso, de muita cumplicidade e entrega; de muita intimidade e carinho, que não vejo com apelo algum, apenas beleza de minha namorada Susi Godoy, a quem admiro e devo tanto nisto de olhar artístico.
Na sua opinião, o que ainda falta no olhar artístico do brasileiro?
JR: Respeito, ousadia, humildade, desprendimento. E um bocado de estudo artístico também. Vejo diversos bons fotógrafos iniciando, faço questão de ser uma das mãos dando o empurrão inicial, e fico extasiado ao ver muitos deles crescendo artística ou comercialmente. Mas sempre deixei bem claro pra quem ajudei que havendo respeito pela fotografia e pela arte, ousadia de criar e correr atrás, ou de ser humilde o suficiente de aprender com os demais, desprendimento de regras que delimitam a fotografia como uma mera ciência, tudo é possível e o caminho vai ao infinito. Afinal é arte. E na arte não deveria haver regras.
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