Na Africa, às margens do rio Omo, oito tribos estão ameaçadas pela construção da Gibe III – uma enorme barragem hidroelétrica -, e a história, para nós brasileiros, soa familiar. Na Etiópia a população destas tribos – cerca de 200 mil pessoas – é desafiada há séculos pela região árida do local, mas de longe esta seria a pior de suas batalhas pela sobrevivência.
Durante séculos estas tribos construíram sua cultura em meio a um cenário de diversidade, abrangido pela beleza natural do local. São pastagens, afloramentos vulcânicos, e uma das poucas matas fluviais primitivas remanescentes na região. Hoje a maior luta das tribos é contra Salini Costruttori, uma empresa italiana, que iniciou as obras de construção da barragem no final de 2006, e o maior banco da China, o Industrial and Commercial Bank of China, que comprometeu-se a financiar parte da construção da barragem.
Organizações regionais e internacionais alertam ao governo, e aos responsáveis pela obra, sobre o perigo catastrófico que as tribos correm com a realização desta construção.
A arte, além de um desabafo, é muitas vezes um grande manifesto. Talvez pensando nisso é que Sam Barket tenha se inspirado a produzir estas incríveis imagens. São registros sobre uma das culturas mais antigas e primitivas que se tem registro, especialmente enraizada na África, considerada como o berço da humanidade. As fotos de Sam colocam na balança o valor de uma construção qualquer, independente do lucro que traga, e o valor que esses nativos carregam em si, artérias do desenvolvimento humano, o que é transmitido de forma gritante pelo ensaio do fotógrafo. Faz pensar.
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