Há músicas que são meticulosamente pensadas, com cada nota e cada virada no lugar, exaustivamente ensaiadas, e produzidas em estúdio com riqueza de detalhes. Essas costumam ser boas músicas. Já outras carregam consigo o improviso e a viagem, sendo produto do encontro de mentes em um determinado momento – algo como um ritual. Essas são aquelas de que eu mais gosto. Especialmente em se tratando de reggae: os louvores do nyahbinghi, com vozes dançando sobre os tambores, e os espíritos se comunicando; essa é a música que acalma o meu coração e leva minha mente pra passear.
De todas as bandas da ilha, o trio vocal The Congos sempre foi o que mais provocou tais sensações em meu coração. Não sei se pelo “reggae de pescadores”, simples como o balanço do barco e o barulho do mar, ou pelo encontro tão harmônico entre as vozes de “Ashanti” Roy Johson (tenor), Cedric Myton (falsete) e Watty Burnett (barítono). Inna de Yard é uma reunião dos vocais do Congos com outros monstros da música jamaicana, uma jam completamente espiritual realizada no jardim do guitarrista Earl “China” Smith, cujo curriculum vai de Burnin Spear à Bob Marley. É música de Jah!
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