Foto: Priscila Castilho

No último sábado, 27, acontecia em São Paulo o segundo ato do Anhangabaú da Felizcidade. Um dia de ocupação do Vale do Anhangabaú, pautado pelo artigo 5º da Constituição Federal, validando o espaço público como sendo de todos e primordialmente feito para que seja usufruído por aquele para quem o espaço existe: o público.

Criado e realizado pela iniciativa livre de vários coletivos que, sob o nome de Existe Amor, se reúnem e unem suas forças por uma cidade mais viva, o evento desta vez veio pautado por todas as manifestações recentes no Brasil, e também pelo Marco Civil da Internet. Essa era uma das propostas do ato,  pensar a internet como um território tão livre e público quanto as ruas – e esses devem ter funcionalidades sociais irrestritas a toda a população de modo democrático e inclusivo.

Foto: Priscila Castilho

No mesmo cenário onde milhares de paulistanos passam todos os dias, diferentes palcos foram montados, ecoando música, cultura, e um clima de festa popular por uma das principais artérias de São Paulo. Um convite de SP para SP, como se a cidade gritasse “Tô aqui, vem me conhecer!”.

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Era rap, reggae, rock, graffiti, break, performance, debate, ou só um sábado de sol com os amigos na praça. No dia em que centenas de pessoas ocuparam o Vale mais famoso da cidade, cada um pôde ter o seu próprio Anhangabaú da Felizcidade. Pluralidade, mas quase se misturando – já que os palcos se distanciavam por poucos metros -, como é a própria São Paulo.

Foto: Luisa Santosa

Por outro lado, era o dia da desocupação também. Moradores de rua que têm o Vale como sua casa, se deslocavam pra lá e pra cá enquanto as visitas faziam festa em sua sala. Os que dançavam sob o efeito do álcool ou do crack não sugeriam diversão, mas o peso de tantas histórias difíceis abrigadas pelos colchões esticados no chão sujo do Centro.

Foto: Luisa Santosa

A participação despretensiosa de um deles ao sentar-se à roda do debate – enquanto a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano discutia a privatização de espaços e reformas para a ocupação do Vale até o ano da Copa – ilustrou bem o caminho gigante a ser pavimentado até a construção de uma sociedade onde espaços e direitos iguais não sejam apenas projetos ou estudos, mas realidade para todos.

Foto: Luisa Santosa

Foto: Luisa Santosa

A tarefa dos coletivos com o evento foi mostrar o leque de oportunidades a serem consideradas. Agora, fica a critério de outros responsáveis compreender a mensagem e viabilizá-la. Da Felizcidade muitos puderam experimentar já no sábado, um dia atípico culturalmente em São Paulo, que deixou um gostinho de como seria se a real cidade ocupasse a cidade. Ao reunir pessoas diferentes, das mais diversas regiões e situações, todos vibrando em volta da mesma causa – por engajamento ou por diversão -, um passo importante para este futuro foi dado.

*Colaboraram Damaris de Angelo, Heloíse Frunchi e Vitor Ranieri

Fotos: Luisa Santosa e Priscila Castilho
Vídeo: Gabriel Alexandre

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