No domingo, 4 de outubro, rolou o One Drop Festival 2015 que trouxe ao palco do Estúdio, em Pinheiros (SP), Lee “Scratch” Perry e Mad Professor, uma das maiores lendas da história do reggae mundial. Na abertura do evento, quem comandou o baile foram os seletores Jurassic, High Public, DigitalDubs e Marcelinho Da Lua.
Para contar como foi essa noite, nada mais justo que perguntar para os próprios artistas que dividiram o palco com os mestres, como foi ter tocado e conhecido pessoalmente estas lendas do reggae. Com vocês, passo a palavra para Raoni Fulone (High Public) e Jurássico (You & Me).
“Lee Perry não queira ir embora, fez o Mad Professor voltar ao posto de trabalho, mesmo após esse ja ter desligado seus equipamentos, coisa para se levar para o resto da vida.” Raoni Fulone (High Public Sound)
Foi uma satisfação muito grande pois são os maiores ícones vivos da cultura dub, digo cultura dub porque foi a partir dessa técnica de mixagem que um mar de possibilidades se abriram.
Lee Perry representa a fundação, seu estúdio Black Ark foi um dos maiores em termos de produção, são muitas produções obscuras, cheias de magia e ele não se limitou a apenas mixar, ele tocava e produzia, mas agora só se apresenta cantando e hipnotizando o público.
Mad Professor representa a segunda geração, foi um dos responsáveis por fazer a transição do dub analógico para o dub digital, introduzindo sintetizadores e novas efeitos. Suas mixagens são bem pra frente, usando timbragens únicas e é o capitão a frente do seu Ariwa Estúdio, um dos mais importantes que estão na ativa. Da para ver de perto o profissionalismo com que trabalham e o porque merecem estar onde estão.
Nessa edição do One Drop Festival, levamos um pouco do que temos feito, que é selecionar discos da nossa coleção, disparar alguns dubs exclusivos e produções próprias. Ficamos muito felizes com o feed back do público, pois era um público misto, que nem sempre pode nos acompanhar nas sessões de sound system pelos clubes e ruas da cidade, tinha gente de toda parte do Brasil, inclusive seletores, djs e promotores. Isso é muito importante, mas vimos também muitos amigos que frequentam assiduamente os sounds e que tiveram com certeza uma experiência única e fora dos padrões dos bailes tradicionais.
Infelizmente muitas pessoas que gostariam de estar nesse evento não puderam ou não tiveram como prestigiar. O ingresso estava com um valor um pouco mais acima do comum, mas nada demais, abriu com R$ 60,00 e até penúltimo dia e ficou em R$ 80,00, levando um kilo de alimento. Esse valor estava super justo levando em consideração toda a estrutura do evento, o line up e o atual câmbio do dólar. Está muito difícil trabalhar com atrações internacionais. Creio que quem gosta mesmo dos artistas que iriam se apresentar e queria ver, se antecipou e garantiu o seu.
Lembrando que o Lee Perry já tem 79 anos e da complexidade para traze-lo novamente, essa pode ter sido a última apresentação no Brasil. Foi histórico, ele chegou tímido mas logo de inicio se soltou, dançou, pulou, fez piada, magia, deixando o público inteiro num transe, graças ao suporte do Mad Professor que soltava os riddins e ia mixando ao vivo, criando uma atmosfera perfeita, onde não faltou fumaça, até o Perry fumou no palco, para o dar um brilho especial nessa apresentação.
Por fim, ele não queira ir embora, fez o Mad Professor voltar ao posto de trabalho, mesmo após esse ja ter desligado seus equipamentos, coisa para se levar para o resto da vida. Depois disso, qualquer coisa é um mero detalhe, mas para sempre nos lembraremos desse dia. Obrigado One Drop Festival!
“A obra de Lee Perry é tão absurda que encontrar ele ali, trocar uma ideia, é realmente ‘from another world’!”– Jurássico (Y&M)
Sempre é um prazer estar presente em eventos onde figuras tão importantes como Mad Professor e Lee Perry (esse com nível de importância multiplicado por dez) se apresentam, seja como espectador, ou como atração também. Afinal, independente de como flui o show de uma lenda como Perry; o ver ali, em carne e osso, já é algo de significância imensurável, tamanha sua importância para a evolução da música jamaicana, e por que não, mundial.
Apesar de ser a terceira passagem de Perry pelo Brasil e sei lá quantas vezes Mad Professor já tocou por aqui, é sempre uma novidade e um prazer inédito, já que a obra deles é tão vasta e significativa, que a cada vinda é um novo mood, que te faz olhá-los com uma nova devoção. Principalmente no caso de Lee Perry, que ao meu ver, é um dos maiores produtores em inúmeros aspectos da música, sem contar que é meu segundo produtor predileto no quesito Jamaica.
In Dub We Trust!
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