Foto: Isabela Gregório | Texto: Luan Magustero
És sonho, que não te realizas, mas te desmanchas.
Ó anjo, fostes embora, no lento caminhar, com um artelho asa ferida; não fostes a voar, na neblina amalgama e te desmanchastes, e te tornastes ela, e gris nada. Ó sonho que carregas meu amor! Moras no nevoeiro da saudade. Neblina és falsete, o canto dos sonhos, da saudade; a luta do falsete alcança as lágrimas.
Saudade vem-me o choro, diferente das cachoeiras, que choram com o que virá: despedida. As cachoeiras choram se despedindo. Até o tornozelo foi a minha coragem na vossa passageira correnteza fria água, e provei vossa lágrima. E elas se misturaram ou já guardavam o mesmo sabor. A saudade é despedir-se eternamente.
E no acaso correndo não voltarás, pra ficar, mas… Na gratidão gostaria de presentear-te com chama de orquídea. E pudesse adornar onde estas, teu lar, teu jardim, teu recôndito cômodo preferido. E a flor viveria os batimentos do meu coração e morreríamos na mesma estação.
És sonho, que não te realizas, mas te desmanchas.
[popup_anything id="11217"]