A arte cinética é um termo que representa um movimento artístico moderno na década de 50
O Cinetismo ou arte cinética é um tipo de arte vibrante. O objetivo é caracterizar em quadros ou em esculturas, uma representação dos movimentos que explora os efeitos visuais e a ilusão, com truques de posicionamento das cores e peças.
A palavra cinética é um ramo da física que explica a ação das forças nas mudanças de movimento dos corpos; Podemos exemplificar como quando acontece um acidente em que a causa é a alta velocidade, quando o carro bate em determinado veículo à frente, dizemos que ele produziu cinética através do barulho, calor e outras formas.
Na arte cinética esse conceito é caracterizado quando algo pode ser movido, e quando na sua tradução tem a representação dos movimentos que rompe o conceito estático da arte tradicional.
Materiais utilizados na arte cinética
Apesar da evolutiva composição, os materiais mais comuns encontrados na arte cinética são:
Metais, vidros, fios, arames, água, vento, luz, sombra, plástico, lona, madeira, ilusões de ótica, efeitos especiais, vento, e motores.
Principais características da arte cinética
.Valorização do movimento
.Uso de recursos como: vento, água, motores; que causam a sensação de movimento
.Aplicação de cores e sombras
. Enaltecimento dos efeitos da luz
.Profundidade na produção
.Formatos simples e repetitivos
.Uso dos campos da matemática e física
.Uso de traços geométricos
.Efeitos hipnotizantes e de ilusão de óptica
.Interação com o abstracionismo
De origem francesa, a arte cinética ou cinetismo foi um dos movimentos que surgiu na arte moderna em meados do ano de 1955, marcada com a exposição “Le Mouvement” (O Movimento) que aconteceu na Galeria Denise René.
Após essa exposição, a arte cinética teve forte representação na década seguinte com diversos outros artistas, como os brasileiros Luiz Sacilotto que representou a arte abstrata junto ao cinetismo nos anos 60, e Ivan Ferreira que foi um desenhista participativo na produção da arte cinética.
Para que esses artistas representassem as técnicas do cinetismo, eles utilizavam formas visuais capazes de criar uma ilusão de movimento. Junto ao jogo de luz e sombra, usavam também técnicas, regras e leis da matemática e da física.
No século XX, enquanto essas criações passavam por inúmeras transições, vemos a mais importante delas: a inclusão da eletricidade, do cinema, da física quântica, da relatividade e da arte digital. Com essa inclusão os artistas conseguiram fazer com que o telespectador fosse mais interativo à arte, porque a técnica se utilizava de luzes, sons e até mesmo aromas.
Outra técnica que é importante destacar, é o abstracionismo. A arte abstrata é caracterizada por desenhos, e esculturas que representam a nossa realidade, porém possuem um certo detrimento em sua composição, ou seja, é possível ter inúmeras interpretações de um mesmo objeto.
Arte cinética no Brasil
Apesar dos movimentos artísticos terem surgido fortemente nos anos anteriores, no Brasil a arte cinética surgiu de forma intensa somente em 1960. Na época, os artistas conseguiram antecipar tendências, como a mistura de cores e o dinamismo.
Um dos artistas marcantes e mais influentes da época foi o artista plástico brasileiro, Abraham Palatnik (1928-2020). De forma inventiva e criativa, o pintor fez a junção da tecnologia com arte, em 1949 ele criou “aparelhos cinecromáticos” – essas peças continham lâmpadas e a movimentação acontecia por meio de um motor.
Dessa forma, as imagens recebiam iluminação e eram movimentadas pelas cores que estavam sendo criadas ali.
É importante esclarecer que essa técnica criada por Abraham, não foi imediatamente aceita pelos outros artistas da época. Hoje a proposta do artista é citada como genialidade, e como qualquer ideia brilhante, sofreu barreiras de compreensão, e por fim marcou uma significativa evolução na arte cinética.
Além disso, ele criou também um conceito chamado “objetos cinéticos” que era composta por formas geométricas recortadas em madeira em várias cores, presas a fios de metal que se movimentavam a partir de um acionamento conduzido por um objeto mecânico.
Principais artistas da arte cinética
Lygia Clark (1920 – 1988) – brasileira, pintora e escultora, Lygia trabalhou com Instalações que é um termo designado aos ambientes construído em espaços de galeria e museus, e com Body Art que é uma vertente da arte que toma o corpo como meio de expressão artística.
A artista destacou-se por ter estudado com grandes nomes da arte moderna, como Burle Marx, Fernand Léger, Arpad Szenes e Isaac Dobrinsky. Além disso, foi integrante do Grupo Frente, liderado por Ivan Serpa.
Na década de 50, Lygia desenvolveu linhas de pesquisas que fazem junção da tela e da moldura. No mesmo ano, ela incorpora plástico em suas obras, que destacam o rápido desenvolvimento da artista.
Ela foi uma das fundadoras do Grupo Neoconcreto e participou da 1°Exposição Neoconcreta em 1959. Assim, ela troca a pintura tradicional por objetos tridimensionais, radicalizando os “bons costumes” e explorando seu potencial.
Em suas produções, Lygia se preocupava com a participação ativa do público. A obra Caminhando de 1964, ela marca essa transição com a ideia de: o participante realiza a obra de arte, participando das opiniões que dariam forma e cor para a obra. Mais tarde, comentaristas definiram isso como uma ampliação das ideias possíveis para um quadro ou escultura.
Abraham Palatnik (1928 – 2020) – brasileiro, artista cinético, e desenhista, Abraham foi considerado um dos maiores pioneiros da arte cinética no Brasil. Ele expandiu e influenciou a arte relacionada com a ciência.
Em 1932, mudou-se para Israel com a família e se especializou em motores de explosão. Após isso, ele estudou arte no ateliê do pintor Haaron Avni (1906-1951), e aprendeu técnicas de pintura, desenho e estética com o escultor Stershus.
Destacou-se com a pintura de paisagens, retratos e naturezas-mortas. Críticos como Frederico Morais (1936) disse que os traços de Abraham eram firmes, sólidos, realistas e expressavam o melhor da arte cinética.
Em 1964 o artista criou os Objetos Cinéticos e pintou esculturas de arames, formas coloridas e fios que eram acionados por eletroímãs. No mesmo ano, ele cria Aparelhos Cinecromáticos que foram exibidos na Bienal de Veneza, e a partir disso Abraham ganhou participações de projeção internacional, que mais tarde o levou a participar da exposição Mouvement 2, na Galeria Denise René, em Paris.
Ivan Serpa (1923-1973) – brasileiro, gravador e pintor, começou a ter contato com a arte no Museu da Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ). A partir de 1952, ele começa a sistemática atividade didática no ensino infantil.
Começou a pintar no início dos anos 40, tendo influências diretas com o professor austríaco Axl Leskoschek (1889-1975). Com ele, Ivan começou a abordar pinturas modernas nacionalistas e logo produziu um guache gestual, ordenado geométricamente – um tipo de obra abstrata feita com guache.
Após sua ascensão na arte cinética, Ivan constrói estudos realizados com materiais industriais e texturas neutras. Ele se permite ousar na utilização de cores “pouco objetivas”, como o marrom. Apesar disso, ele revê sua posição e acaba incorporando elementos mais comuns que dão visibilidade a seus projetos.
Em 1967, o artista inicia outro estudo, agora do “Op Erótica”. O trabalho marca seu retorno à linguagem construtiva, e o inseriu na op art. Assim ele retomou a construção geométrica e os elementos bem definidos. Desenvolveu outros estudos com essa característica, como Mangueira e Amazônicas.
Principais obras da arte cinética
1. O Eu e o Tu: Série Roupa – Corpo-Roupa (1967) Lygia Clark
Arte interativa que proporciona uma experiência investigativa entre pessoas. A roupa feita de plástico e borracha possui cavidades que permitem a exploração do corpo da outra pessoa com as mãos. O tubo interliga os indivíduos, e os permitem a partir juntos de uma mesma vivência, incluindo ouvir a respiração e sentir as mesmas sensações, como o calor.
2. Aranha Azul (2004) – Abraham Palatnik
Obra que relembra os traços do própria aranha azul.
3. Beijo (1966) – Ivan Serpa
4. Concreção 5839 (1958) – Luiz Sacilotto
5. Tecelar (1959) – Lygia Pape
6. Grande Núcleo (1966) – Hélio Oiticica
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